PRIMAVERA

Ainda na manhã de 22 de setembro de 2012

Ofereço a todos os amigos e, em especial, a Gajocosta

Querido Gajo: comoveu-me, fundo, tua mensagem para a primavera de todos nós, poetas mulheres e poetas homens do Recanto. Enviar-nos pássaros a carregarem no bico as primeiras flores da primavera é algo mais do que tocante, é oferenda de um coração essencialmente puro, de um coração pleno de poesia e de amor pelo Ser de todos e de cada um.

Hoje, 22 de setembro, primeiro dia da primavera, venho oferecer-te, Gajocosta, amigo, bem como a todos os tantos amigos do Recanto das Letras (incluindo aqueles que ainda virei a conhecer) as palavras que consegui encontrar:

As flores já estão nos campos... nas árvores... povoam os jardins... Que nossos jardins, nossas árvores, nossos campos de dentro estejam também já a florescer. Se por fundas razões alguns de nós estejamos com as terras de dentro áridas, improdutivas, é hora de fertilizá-las e de recomeçar, nelas, o tempo de plantio, em plena primavera; replantemo-nos que, quando o outono na natureza se fizer, estaremos a colher os frutos das sementes agora plantadas nas nossas terras de dentro. Que cada um de nós realize a melhor harmonização possível entre o tempo da natureza e o tempo dos outros homens com as necessidades efetivas do nosso próprio tempo interior. Admito que, para mim, é sempre muito reconfortante olhar “minha” paineira toda exuberante, mas, sem flores em setembro, sabendo que, no próximo outono, ela estará inteira coberta de flor. Ao contrário das estações? Não: há flores em todas as estações.

Seja lá como for, agora é tempo de primavera. Rejubilemo-nos, todos. É tempo de primavera, amigos.

Primavera iniciando às 11 horas, 48 minutos e 58 segundos de 22 de setembro de 2012, no hemisfério sul, momento de equinócio, importante momento simbólico.

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Querida Zu, bem sabemos que o "tempo dos homens" difere dos tempos da Natureza. Passamos talvez por bem mais de quatro estações, que não seguem a ordem natural. Mas consideremos apenas as quatro. Nosso Inverno, dediquemos à reflexão crítica e sadia e à sábias profundas introspecções, sem nele nos determos demais.// Em nossos Verões, reine a alegria, a intensidade de viver e o calor de nossos afetos.// Em nossos Outonos, deixemos que, como as folhas, caiam as tristezas para fertilizar nossos solos "de dentro" e produzir sementes das quais brotarão novas forças para desafios e transmutar a vida em algo mais aprazível.// Que a Primavera seja a mais duradoura de todas as quatro, que nos brinde ousadamente com flores até mesmo em qualquer outra estação. Que esteja ela sempre na espreita, brotando até em nossos muros. E isto depende muito de nós, para que possamos despir a alma dos pesados, cinzas casacos invernais e caminhar leves entre belezas e flores e gorjeantes pássaros, ignorando inevitáveis espinhos e pisando descalços em macias relvas. E, se lágrimas houver, sejam elas para regar nosso solo e as plantinhas, pois elas sabem retribuir. Agradeço, de coração emocionado, tão bela dedicatória! Beijos, José

Caríssimo amigo, fico feliz com tuas palavras e com tua presença, sempre. Muito obrigada.

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