JAMÁLI E A VITROLA
Jorge Linhaça
Jamáli resolveu ouvir seus discos de vinil, acionou a sua velha vitrola e pos-se a desfrutar das melodias que saiam das caixas de som. Distraído, não se deu conta de que um de seus discos havia chegado ao fim, apenas percebeu quando o chiado característico da agulha contra o "long-play",levantou-se, dirigiu-se à vitrola e ficou observando o prato da mesma enquanto selecionava outro disco.
O movimento era contínuo, circular e compassado.
Jamáli pensou sobre a vida, sobre ela ser um círculo eterno, como o sol se põe todas as noites para renascer no outro dia, como a despertar-nos para a vida. Imaginou a bondade de Deus, os círculos concêntricos que se formam quando pedras são lançadas sobre um espelho d'água, espalhando-se por sua superfície.
Pensou no ir e vir das ondas do mar, no quanto a vida é assim um ir e vir, um subir e descer e como nos defrontamos com situações semelhantes ao longo de nossa jornada.
Lembrou-se da órbita contínua dos planetas, a segir o seu caminho sem desviar-se de seu rumo.Ficou a imaginar quantos desvios existem ao longo da estrada da vida, quantas encruzilhadas nos parecem ao longo do caminho, quantas bifurcações.
Não procurava respostas, apenas a consciência dos fatos.
Conhecer os fatos, tomar conhecimento deles é a melhor maneira de encontrar soluções. Jamáli fez as suas anotações mentais e seguiu o rumo que indicava o seu coração...
Tenham um bom dia
Jorge Linhaça