JAMÁLI E O TEMPO
Jorge Linhaça
 
O tic tac do relógio do quarto era o único som que Jamáli ouvia em meio à escuridão da noite, marcando o passar das horas.
Estranho instrumento esse, feito para contar o tempo e fracciona-lo, como se o tempo fosse algo dominado pelo homem.
Lembrou-se do poeta que disse " não é o tempo que passa, nós é que passamos".
Jamáli ficou a refletir sobre o que fazemos com o tempo que nos é emprestado nesta esfera mortal, imaginou se ele próprio desperdiçava ou empregava bem o seu tempo. Se ficava horas e horas a nada fazer ou se usava com proveito o seu tempo.
Pensou no ócio e meditou sobre o que é ócio realmente, perguntou-se se que usa o seu tempo para refletir, escrever, criar, é mais acioso do que aquele que trabalha incessantemente qual a formiga da fábula.
Pensou sobre um mundo sem cigarras cantantes e imaginou o quanto ele seria menos belo.
Pensou num mundo sem formigas laboriosas e imaginou como seria caótico.
Por fim chegou à conclusão que cigarras e formigas tem seu próprio lugar no mundo e que são mesmo complementares.
Que a cada um são dados dons que precisam ser utilizados para o bem, e que nenhum dom é mais importante que o outro, antes cada qual cumpre a sua função, embora as formigas sempre haverão de cuidar que as cigarras para nada servem.
Tempo...ilusória passagem do homem pela vida...há tempo de plantar e tempo de colher...tempo de prantear e tempo de se alegrar ( Eclesiastes).
 
Será que nós compreendemos o papel do tempo?
Será que percebemos que o tempo deve ser bem utilizado tanto pelas cigarras como pelas formigas?
Será que é perda de tempo o uso diferente do tempo?
Um lindo domingo para todos
Jorge Linhaça