Voar, pelo prazer de nos perdermos no tempo…
Perdermo-nos nas asas da eternidade, da imensidão
Numa viagem com hora de ir
E sem tempo de voltar
O tempo esmaga-nos
Mas por uma vez
Gostava de o tempo poder enganar…
Olharmos para algo
Em que ninguém reparou
Esse algo existe
Porque a nossa vista
Por esse algo se apaixonou…
Saber que esta forma de paixão
Será a derradeira
Até à próxima
E assim agirmos como se o amanhã não fosse existir
Parar para contemplar
Acharmos o nosso canto
E sentirmos
Que para mais nenhum lugar teremos que ir…
Acreditarmos na suprema ilusão
Que o que temos
Durará a tal imensidão
Contrariando o nosso lado racional
Que nada dura uma eternidade
Apaixonarmo-nos
E forçando a imaginação
Que essa é a nossa realidade
E que de nada interessa os dias que se segirão…
Então a realidade acorda-nos
E recordamos que a única constante da vida
É a sua permanente transição
E assim temos que contemplar
E viver
Em perpétuo movimento
Agarrando de forma infrutífera
Isso que tanto amamos como tememos
O tempo…