Jamáli e a Pescaria
JAMÁLI E A PESCARIA
Jorge Linhaça
Saiu Jamáli para pescar em companhia de seus amigos. Foram a um lago próximo, mais para passar o tempo do que para fazer estoque de peixes.
A pescaria transcorreu como todas as pescarias, contavam-se casos, faziam-se confidências, riam-se das trapalhadas uns dos outros, trocavam iscas, esperavam pelas fisgadas.
Vez por outra algum deles lograva pegar algum peixe, alguns pequenos, outros grandes, passaram assim a manhã nessa atividade.
Jamáli à tudo prestava atenção: ao mover das águas, ao movimento de outros pescadores e curiosos, aos peixes que mordiscavam a isca e fugiam e aos que eram fisgados e soltos.
Pensou sobre como na vida, muitas vezes, agimos como em uma pescaria...andamos em companhia de nossos amigos, procuramos difundir nossas idéias.
Assim como os peixes, procuramos nadar em cardumes, na companhia de outros espécimes. Por vezes algum predador se instala no cardume, esperando apenas a hora certa de atacar, e muitas vezes passa despercebido em meio a tantos outros peixes.
Lembrou-se de uma citação bíblica dos lobos em pele de cordeiro, prontos a atacar o rebanho quando menos se espera.
Pensou nos homens como os pescadores contadores de "causos", sempre agarrados às suas varas, trocando de iscas para iludir os peixes de acordo com as características de cada um. Iscas naturais ou artificiais, fabricadas para imitar os movimentos de pequenos peixes e iludir assim as presas, objetos de seu desejo.
Lembrou-se do livre arbítrio, de cada um seguir a sua própria consciência e engolir os não as iscas espalhadas ao longo do rio da vida.
Refletiu sobre a necessidade de alguns , de
receberem os louros mesmo sem nada fazer para tal, pensou nos que usam de amigos ou funcionários para que peçam aplausos para eles,
e ficou imaginando se enganam aos outros ou se afinal enganam a si mesmos.
Jamáli voltou para casa com muitas lições aprendidas durante uma simples pescaria.
contatos com o autor: anjo.loyro@gmail.com