AO AMIGO IRATIENSE JOEL

No galho mais alto, escuto teu canto

Sabiá... teu doce trinar, cantiga de acalanto...

Que me arremessam aos outonos, restos de abril.

Banhando-me o silêncio de imensos vazios..

Pra aguentar a solidão, só mesmo uma prece!

Levada em carroças, pelos milharais

O toque dos sinos ecoa ao longe

A fé vem chegando, detrás do horizonte!

E o inverno vem vindo...a geada caindo

Como alvo lençol...o gelo derrete, à espera do sol

E à noite, a valsa, pra aquecer o coração!

Na varanda da memória...se ouvia um refrão:

"E água a rolar, chuá!, chuá!

"E a fonte a correr chuê, chuê!...

Depois de tanta euforia, o melhor é viajar!

Em trilhos rasgados por trens

Numa noite de luar!

E a mais bonita lembrança,

Ficou no doce coração de criança...

Milhares de vagalumes, à beira do lago a brilhar!

E são tantas as lembranças...de quero-queros

Coxilhas...A paz da hora de Ângelus

Paz se espalhando em lindas aquarelas...

Aroma de cinamomos e o cheiro bom de marcelas!

Nas solidões das bodegas, o trago pra aguentar as mágoas

O vento vara fechaduras, nas velhas paredes de tábua!

São sonhos,são preces, é vida em festa

Que trouxestes pra nós..doce poeta!

E para você vou recolher, nestes campos de amizade

Punhados de flor marcela, para que não esqueças jamais

Que se teu olhos não as vêem, aqui, eu as vejo demais!

Helena Grecco

15.03.2010

***Este texto é uma homenagem que faço ao meu amigo Iratiense Joel, pela ternura e beleza de seus versos, onde tentei reunir a essência de alguns de seus textos e que está afastado momentâneamente do recanto.Um abraço meu amigo e volte logo! Abaixo um texto de sua autoria, o qual é um de meus prediletos.

M A R C E L A S

Houve um tempo em que

Pela minha janela

Eu via as marcelas

E feito um passarinho

De uma cor amarela

Voava baixinho...Chegava até elas...

Desatadas do peito

Verdes esperanças

As semeava nos eitos

Das loucas andanças

No alçar destas asas

Da ilusão pueril

Tantos foram os sonhos

Entre as flores de abril

Hoje é um tempo em que

Da mesma janela

Já não vejo marcelas...

Nem mais chego até elas

Mas inda sou passarinho

Embora de asa ferida

Vou aninhando esperanças

Pelos eitos da vida

E um dia,quem sabe?

De uma forma sutil

Alçe um vôo sereno

Entre as flores de abril

(Iratiense Joel Gomes Teixeira)

Publicado no Recanto das Letras em 08/11/2009