Pedra entranhada...

Querid@ Amig@,

Bom Dia!

Decidi postar o poema de João Cabral de Melo Neto, "A Educação pela Pedra", lindo, penso que vais gostar...O olhar sobre alma do Sertão...Beleza que vale a pena contar e recontar...

Breve relato sobre o autor:

João Cabral de Melo Neto nasceu em 1920, no Recife[PE]. Passou sua infância em engenhos de açúcar, convivendo com o povo e a paisagem de sua região natal. Cursou até o 2o. grau em colégio marista, não tendo freqüentado curso superior.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942, onde trabalhou como funcionário público. Ingressou, em 1947, na carreira diplomática.

O poeta, cronologicamente, pertence à chamada Geração de 45 do Modernismo brasileiro. Essa geração contextualiza-se historicamente no fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Era Atômica.

No Brasil, 1945 marca o fim da Ditadura de Vargas, iniciando o processo de uma redemocratização brasileira.

João Cabral iniciou sua produção poética aos dezessete anos, em 1942 publicou "Pedra de Sono", sua primeira obra. Em seguida, O Engenheiro [1945], Psicologia da Composição [1947], O Cão sem Plumas [1950], O Rio [1954], Duas Águas [1966, incluindo Morte e Vida Severina], Quaderna [1960], Dois Parlamentos [1961], Terceira Feira [1961] e A Educação pela Pedra [1966].

"A Educação pela Pedra" [1966] indica a depuração atingida pela poética de João Cabral de Melo Neto:

"A Educação pela Pedra

Uma educação pela pedra: por lições;

Para aprender da pedra, freqüentá-la;

Captar sua voz inenfática, impessoal

[pela de dicção ela começa as aulas].

A lição de moral, sua resistência fria

Ao que flui e a fluir, a ser maleada;

A de poética, sua carnadura concreta;

A de economia, seu adensar-se compacta:

Lições da pedra [de fora para dentro,

Cartilha muda], para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão

[de dentro para fora, e pré-didática].

No Sertão a pedra não sabe lecionar,

E se lecionasse, não ensinaria nada;

Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,

Uma pedra de nascença, entranha a alma."

Sim, na minha alma, entranhada, há uma pedra...

Angela....:)