O vaso sanitário e a amizade

Descobri que um dos poucos momentos em que consigo ser eu mesmo é quando estou usando o vaso sanitário. Principalmente o de minha casa. Não preciso de máscaras. Posso sentir meu corpo em sua fisiologia, sem censuras. Gosto disso!

Embora o vaso represente um destino não tão glorioso para parte de nossos resíduos corporais, é nele que despejamos o que não nos serve mais. Para daí recomeçarmos o ciclo necessário de nossa atividade corpórea. A renovação!

Uso como símbolo para todas as minhas amizades um vaso sanitário. Não um qualquer, mas sim um muito lindo e caro. Sua cor de vinho e a porcelana com que é feito contrastam com os detalhes espelhados em formato de flor, que o ornamentam.

Esse símbolo representa para mim que uma amizade que seja digna desse nome deve resistir ao despejo das impurezas que ficam retidas no filtro espiritual do coração.

Se o exame da saúde de uma amizade indica que ela está na UTI. A relação de amizade será a latrina onde deverá ser jogada a sujeira que gerou o desequilíbrio.
 
Por isso, o vaso deve resistir. Se resistir a sujeira vai embora e a amizade ressurge das cinzas, mas se o vaso for fraco a amizade morre.

A verdade da relação, com toda a certeza, resultará intacta.

Perdoem-me todos os meus amigos. Quero que saibam que os amo.

Um feliz 2010 para todos!