LIVROS HUMANOS

Estava eu viajando em meu íntimo e pensando nas variadas faces de pessoas das quais me relacionei. E numa listagem entre amigos e amores cheguei a uma tocante e considerável conclusão. Pessoas não são troféus para serem exibidas e muito menos acessórios para serem, literalmente, “usadas”.

Passando por um caminho onde contos de fadas eram, constantemente, manifestados, percebi que príncipes e princesas não faziam parte do meu ciclo de amizade. Principalmente quando eu tropeçava e as mãos que me serviam eram grandes e calejadas. Foi aí que eu percebi que nem sempre as pessoas mais belas são as melhores companhias.

Por estes mesmos caminhos os beijos que recebi eram doces e serenos. Mais ao abrir os olhos nada condizia com o tamanho sabor que eu sentira. Foi aí que eu percebi que o sabor de um beijo não vem dos lábios, mas de um lugar muito mais intenso chamado coração.

Nessa minha caminhada me deparei com indivíduos que traziam ao seu lado pessoas belas e, aparentemente, perfeitas. Mas percebi que toda aquela “perfeição” só os tornava descartáveis e inúteis, pois se não fosse aquela notável beleza nada mais lhes restariam além de um corpo neutro e vazio.

Já quase no fim do caminho meditei um pouco cada cena. Comparei pessoas com livros. Existem livros que possuem capas majestosas, mas de suas páginas nada se aproveita. Muitas pessoas carregam em seus braços grandes livros com capas de ouro e pedras de diamantes. Parece não se importarem com as páginas vazias que ali se encontram.

Os livros que passaram por mim e que sempre estarão em minha estante não têm capas de ouro e nem detalhes de diamantes, mas guardam em seu interior um conteúdo incalculável. Talvez essa minha mera e humilde reflexão se explique melhor numa frase que criei e guardarei eternamente. Já que “Os meus melhores amigos não são externamente perfeitos, mas internamente os mais belos e eternamente meus”.