Ao amigo que chora...

Não chora, amigo meu

decerto o mundo é um grito vago na imensidão do tempo

finda as vidas, caras

mata as flores raras

faz dos homens tão pobres e tão vis

torna as noites assombrosas

as madrugadas, danosas...

O mundo, querido amigo

é qual o mar bravo, turvo

rebenta em nós ferozmente

tragando risos e faces

Num instante, muda os rumos...

Tristemente nos leva tudo...

Mas, ainda, há palavras

dou-te as minhas, não por favor...

E peço-te que não chores

as almas que prezam-te sentem tua dor tão grande...

Sabeis que isto, agora, é um nada

e este nada passará tão velozmente

varrerá as tuas, as minhas lágrimas

e nos esquecerá, nos deixará tão distantes do que somos...

Mas há uma guerra que travam os bravos:

do amor constroem pontes

do afeto tecem as noites

da saudade eternizam o tempo...

Das palavras proferidas fazem nascer glórias benditas

nas trevas acendem luzes

diante do mar errante navegam com coragem e fé...

Porque são leais, são tão dignos

e choram pelas horas findadas do outro...do amigo

e suplicam baixinho preces de um eterno carinho

e olham nos olhos de Deus sem perceberem...

Não chora, amigo meu

não de tristezas malditas

mas chora por amor verdadeiro a alguém

mesmo quando este alguém, agora, pareça tão distante...

Chora, que Deus ouve o clamor dos amigos

dos aflitos sob os temporais...

Dos anjos benignos que abrem suas asas sobre o outro e gritam suas mais intensas dores...

Chora, então, que teu choro é de luz!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 10/11/2009
Reeditado em 11/11/2009
Código do texto: T1916611
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