Prá quem ainda duvida

Prá quem ainda duvida

Jorge Linhaça

Prá quem ainda duvida da capacidade de recuperação do povo catarinense vão aqui dois pequenos exemplos.

Vamos começar por Ilhota, cidade de cerca de dez mil habitantes, fundada por imigrantes belgas, que ganhou espaço durante a tragédia por conta da comunidade do morro do baú, onde ocorreram os piores deslizamentos e a explosão do gasoduto.

A cidade ficou praticamente submersa por dez dias. A tragédia dos mortos

por certo abalou a muitos e talvez muitos esperassem que ainda demoraria para que a cidade voltasse a se firmar...pois bem....

Hoje a cidade mais do que respira, as ruas estão limpas como se nada tivesse acontecido ali...as lojas já abertas, algumas ainda sofrendo reparos nos móveis e soalhos...mas abertas, com suas mercadorias expostas...a industria da confecção, moda íntima , praia e lingerie, já em pleno funcionamento e contratando mais mão de obra entre os desabrigados.

Mais do que retomar os negócios, retoma-se a auto-estima de quem tudo perdeu...entre os novos funcionários contratados nos abrigos, moradores do morro do baú.

Essa é a saga de um povo que vai além da reconstrução do patrimônio material, parte para a reconstrução das almas.

Claro que nem tudo vai bem...claro que pedidos de mercadorias foram cancelados drante a tragédia...mas lá estão eles de novo em pé esperando pelos turistas que hão de, atendendo nossos apelos, invadir Santa Catarina a partir das próximas semanas e consumir os belos biquinis e lingeries produzidos por essa gente de valor.

Já em Itajaí...

Já em Itajaí, cidade duramente atingida, a grande noticia é a do início da construção de casas em um terreno doado pela prefeitura, com o apoio dos voluntários que doaram materiais de construção e da rede Record de televisão que criou um fundo para receber doações para a construção de casas fora das áreas de risco e que até a manhã de hoje já havia ultrapassado a marca de sete milhões e meio de reais.

Ver os caminhões chegando de Lajes com as primeiras levas dos materiais de construção e os relatos dos trabalhadores imnpressiona...

Um motorista de caminhão disse estar a 48 horas fazendo o transporte e que só vai parar quando as casas estiverem de pé.

Outro senhor disse ...vamos trabalhar 24 horas por dia...ninguém sai do canteiro de obras...só a chuva pode nos parar...

Um outro senhor de cerca de 60 anos, ao ser indagado sobre se conseguiria mater o ritmo durante a construção disse:

Claro que vamos manter, enquanto Deus der saúde e força não vamos parar...

Ainda outro cuja casa ficara submersa, mas que graças a Deus não a havia perdido, disse:

Minha casa ficou embaixo d'água, mas eu tenho minha casa, estou aqui por que existe muita gente que não tem mais para onde ir...

Os critérios para a entrega das casas aos moradores também já foram definidos:

Pessoas com mais de 65 anos de idade

Deficientes

Mulheres chefes de família

Não possuir outro imóvel ou estar inscrito em programas habitacionais.

E assim seguem os catarinenses, ombro a ombro com outros brasileiros, cada um dando um pouco a mais de si , reconstruindo cidades e vidas...

Santa Catarina espera por você nestas férias...não deixe de ir...ajude com seu turismo e lazer a reconstruir a vida de milhares de pessoas.

" E tudo que fizerdes a um destes pequeninos, a mim o fizeste"