JAMÁLI E A ESCADA
Jamáli e a escada
Jorge Linhaça
Jamáli caminhava por entre prédios antigos quando foi atraído por uma melodia melancólica de um violão, que vinha de um dos casarões ao seu redor.
Caminhou em direção à música e viu, sentado ao pé de uma grande escada um homem a dedilhar seu violão.
A atenção de Jamáli fixou-se na escada marmórea que tinha à sua frente, era uma escadaria larga e imponente, como que saída de um filme hollywoodiano.
Por instantes ficou a contar os degraus do primeiro lance da escada, mas, seus pensamentos tomaram outro rumo e ficou a comparar a escada com sua vida, em como nossa jornada terrena é feita de galgarmos degrau a degrau o caminho para os nossos objetivos.
Pensou no trânsito intenso dessa escada, pessoas apressadas, subindo ou descendo e muitas vezes nos empurrando para baixo ou bloqueando nossa passagem para o topo.
Refletiu sobre o preparo físico e emocional para seguir adiante em meio às dificuldades do trajeto.
Pensou também naqueles que sempre se dispõe a ajudar os que estão mais abaixo estendendo-lhes a mão para que galguem mais um ou dois degraus.
Refletiu também sobre a ingratidão do ser humano que muitas vezes depois de ser ajudado em sua jornada, esquece de retribuir o auxílio recebido quando se encontra mais acima na escada da vida.
Imaginou também aqueles que despejam entulho nas escadas para impedir passagem dos demais, geralmente o entulho da mentira, da inveja, do preconceito e da intolerância e da hipocrisia
Concluiu que o mundo seria bem melhor se todos se dessem as mãos, auxiliando na subida da escada da vida...quão mais fácil seria a jornada se quem está acima não pisasse a cabeça dos que estão abaixo ou se cada qual não olhasse apenas o seu próprio umbigo.
O violeiro continuava a tocar "starway to haven" em seu violão e Jamáli retomou o seu caminho refletindo sobre as lições aprendidas naquele dia.