Canção de ninar pra Milla
Texto inspirado primeiramente no período pós-cirúrgico e depois na crônica sobre insônia, escrita pela minha querida Milla Pereira.
Dorme Millinha,
Não vá se assustar
Minha voz é pequenina,
É voz para ninar.
Dorme! Minha menina,
Não tens o que temer,
Só apago a lamparina
Depois que adormecer...
Já contei cem carneirinhos
Pulando uma cerca azul,
Todos acolchoadinhos
Vão correndo para o Sul.
Teu sono já ta chegando
Que bom que tu vais dormir,
Há dois anjos te ninando
Te observando a sorrir.
(Hull de La Fuente)
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A minha mana Milla veio cantar sua própria canção de ninar (na música do boi da cara preta):
Eu...eu...eu...
Eu num vô drumi
Vô fic'acordada
Pras canção que vô ouvi!
Essa maninha
Doce Claraluna
É tão boazinha
Qui num tenho mais ninhuma!
Vô agardecêno
A canção intono
Di tantu serenu
Eu inté fiquei cum sono!
Eu quero colinho
Di todus amigo
Si num tem soninho
Eu priciso di abrigu!
Eu...eu...eu...( Uhááááááá...) manhê.. vô drumi... tô mariadinha di sonin!
Milla Pereira
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E agora a canção do compadre Airam Ribeiro:
Dorme Miilinha
Cá cuca vai pegá,
Éça bela mininha
Qui nun qué ciaçuçegá.
A lua ta clariano
A curuja já cantô,
Os curiangu tão cantano
E os muçegu já quetô.
O fifó inda num paguei
A querozena ta cabano,
A lua já ta no mêi
Madrugada ta xegano.
Dromi Millinha
Bota teu zói na capela,
O fifó cum sua luizinha
Ta cabano e nun tem vela.
Mai qui sono qui nun xêga
Tô cançado de niná,
Pru distráis da nuvi nêga
A lua iscondeu lá.
O galo já ta cantano
Logo logo o arvurecê,
O Sór já vem pontano
Só num drómi vosmicê.
E de tanto eu te niná
Eu é qui cabei drumino,
Ocê podi ci levanta
E o café vai já sirvino.
Airam Ribeiro
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Ouçamos agora a canção do Pedrinho Goltara:
Bôôto...,bôto sem cára preta
Num pégui a Millinha
Quié munto das ispulêta...
Fáiz éla drumí loguím
Sinão eu fáçu uma carêta!
O dia já vái raiâno
E Millinha tá acordada
Pensano nos amígus
Inté na madrugada
Já fôi nu banhêro
Tá cum a cára laváda!
Bôôto,bôto num fáiz careta
Num assusta a nóssa Milla
Que o sôno já ti espreita
Levânta lógo daí, ó Milla
Sua pimênta malaguêta!
Pedrinho Goltara
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O poeta Jacó Filho veio cantar um verso:
Os zoios já tão pesano
Mais um pouca, tá soiano,
Com o seu primeiro amor.
Jacó Filho
Os amigos continuam chegando para a nina-nana...
seus olhos estão pesados
essa insônia malvada
te deixando em sonhos acordados.
Fátima Feitosa
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são tantas estrelas para te ninar
no azul lá do céu tanta alegria
são anjos aplaudindo a tua poesia.
Gilbamar de Oliveira