Obrigado à Vida

Embora não tenha sido lembrada pelos grandes filósofos cristãos quando da confecção de suas listas de virtudes teologais e cardeais, considero a gratidão uma das maiores qualidades de um ser humano.

Quem é grato é feliz porque, embora reconheça seus erros e os alheios, reconhece também que, não sendo perfeitas, todas as pessoas possuem alguma virtude admirável que lhes brota do mais íntimo do seu ser.

O ano de dois mil e vinte foi marcado por uma série de eventos desafiadores: os que nos acompanham cotidianamente em nossas vidas pessoais e a pandemia do Covid-19, que atingiu-nos socialmente e por certo será lembrada como referência deste ano por todas as gerações.

Ainda assim, é preciso agradecer. Porque apesar da dor, não nos tiraram a esperança de dias melhores. Porque apesar do medo, não nos tiraram a fé. Porque apesar do distanciamento, não tiraram o amor por nossas famílias e por nossos amigos.

Ainda assim, é preciso ser grato. Pelos encontros e desencontros. Pelos amores e dissabores. Por quem me surpreendeu e por quem me decepcionou(E também por quem surpreendi e por quem decepcionei).

Dois mil e vinte me deu a oportunidade de conhecer duas mulheres presentes na história da nossa tão sofrida América Latina: Violeta Parra e Mercedes Sosa. E, para encerrar esse texto, gostaria de usar um trecho da música da primeira, eternizada na voz na segunda. “Gracias a la vida que me ha dado tanto/Me ha dado la risa y me ha dado el llanto”(Obrigado à vida que me tem dado tanto/

Me deu o riso e me deu o pranto).

Que nunca percamos a capacidade de ser gratos.