DEUS! Nada mais peço para mim.

Ao mesmo tempo que os anos vão passando, mais pequeno parece entre o que finda e o que começa. Na juventude correm rápidos, a correria se assemelha a um rio caudaloso com pressa de chegar ao fim e outro comece. Vão ficando na memória a saudade desses dias. No inverno da vida,quando a vida é apenas um dia após outro, quem não tem recordações do passado?Daquele primeiro dia de aula, da festa da aldeia, da missa ao domingo, da lareira crepitando e lançando na parede sombras, mais parecendo duendes em plena dança? Há quem diga que não tem recordações do passado. Todos,o rico o pobre, aquele que nada teve e aquele que nada lhe faltou.Todos têm recordações do passado. Aquele que hoje diz não ter recordações do passado,mente para si mesmo. Nasceu num berço de ouro, foi acarinhado pela vida fora, teve os melhores, mestres frequentou os melhores colégios,teve uma vida de ócio e prazer. Mas tem recordação do passado,agora só, sem ninguém á volta,sem a adulação dos hipócritas, sentindo-se inútil perante a vida,diz que não tem recordações do passado.Cinicamente , fingir que os outros acreditem.Aquele desafortunado da vida,naquela humilde casa,naquele lar,onde a juventude não mais mora quando as ilusões de uma vida se desfazem em cinza levadas pela brisa do vento.Aí a saudade é vivida.recordados os dias mais cruéis esses não deixam saudade,mas deixaram marcas na alma que o vento não leva. Assim como o dia vai caminhando para a noite,a vida vai sendo mais curta, vai escurecendo, o sol quando vem, é um novo dia que começa. O milagre da vida, o milagre que nos diz ainda haver outro dia. Aquele ser que não esquece, que tem memória, sabe que nada mais espera da vida que viveu. Há muito que a juventude foi embora,a força de seus braços não é a mesma que foi ficando p’elo caminho, ficando como testemunha viva as arvores que foi plantando e viu crescer ao longo da vida,hoje grandes e pujantes de vida e de sonhos. Elevando as mãos calosas olhos no Ceu,lágrimas caindo do seu rosto,simplesmente pede. Meu DEUS,que estas arvores que plantei ao longo da vida,aonde a vida se revive a cada instante,se tornem frondosas,que o pão amassado com minhas lágrimas, escorrendo pelo rosto lhe dei, as tornem fortes, fortes e dignas,não acabem seus dias como este roble em fim de vida,sem aquela esperança que se vai esvaindo aos poucos.

DEUS! Nada mais peço para mim.

Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 04/08/2020
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