Em tempos de Pandemia:
Agradecimento
Agradecimento à vida. Oito de julho de mil novecentos e quarenta e seis, século passado, numa casa pobre, numa rua chamada republica, nasci, filho de pescador e mãe de prendas domesticas como se dizia antigamente, pessoas simples e anônimas como as maiorias, último filho de uma trupe de sete filhos, um falecido ainda bebe, seis apenas restaram e cresceram, viveram suas histórias e atualmente restam apenas três, eu e minhas duas irmãs. Mil novecentos e quarenta seis, a segunda grande guerra havia acabado a menos de um ano, o mundo se transformava o nazi fascismo, derrotado nos campos de batalha dava uma nova esperança ao mundo depois de tanto horror e tragédias. Um vento de liberdade se espalhava por todos os cantos da terra, apesar das dificuldades da reconstrução o homem novamente tinha esperança, e assim no meio deste turbilhão de acontecimentos eu desabrochei para a luz e me fiz gente. Apenas como localização num espaço e tempo relatei este início, mas não estou escrevendo nada biográfico, mas sim estou iniciando um relato de tempos idos e vividos onde a riqueza da vida se faz plena em todos os sentidos e nuances. A história seguiu seu curso o mundo modificou-se, as conquistas humanas foram muitas a tecnologia explodiu em sua plenitude de conquistas e criatividade dando ao homem uma visão do universo nunca dantes conhecida. Um novo século surgiu e o ser humano continua sua caminhada para o inexorável destino; fala-se muito hoje em dia da derrocada do planeta em termos ambientais motivada pelos degradadores do meio ambiente que enxergam apenas o lucro em suas ânsias desmedidas de progresso sem limites e sem ordenamentos racionais sem se importarem com a grande maioria da população do nosso diminuto planeta. Passam às décadas, os séculos, os mais fortes devoram os mais fracos e como Lei absoluta o homem sempre se sobrepõem ao homem numa constante luta pela hegemonia dos grupos que dominam as relações em todas as instancias da vida. Dando um salto na história, chegamos aos nossos turbulentos dias, onde o pendulo do destino humano balança entre o futuro promissor e a tragédia real das guerras em curso em várias frentes sempre tendo como motivação a ganancia, as incompreensões religiosas, as razões étnicas e os ódios seculares há tanto tempo levando a destruição, o medo à dor numa constante irracionalidade sem sentido entre as nações, em todos os quadrantes da terra. Mas voltando ao início do meu desabafo, quero dizer que não estou aqui para ser o arauto das dores do mundo, simplesmente agradeço a existência porque acredito na sabedoria do tempo, acredito nos cordéis que de alguma forma inexplicável e magica conduzem os seres em suas jornadas através da vida. Acredito na superação humana e na sua regeneração através dos acontecimentos dolorosos pelos quais passamos no decorrer da existência, acontecimentos que nos depuram muitas vezes de forma compulsória, fazendo com que possamos evoluir espiritualmente e racionalmente mesmo que seja através da dor. Acredito firmemente que o homem num constante avançar através dos séculos e milênios um dia encontrara a verdade almejada, não me preocupo com o método instituído para isso acontecer, que importa que um Deus ou Deuses sejam o fiador destes acontecimentos, de uma coisa tenho certeza, minha pequenez e ignorância me capacitam a ser suficiente humilde e sincero para dizer que nada sei, minhas dúvidas são do tamanho do universo e se sou muitas vezes um homem sem Fé, também não chego a ser um descrente, pois acredito sempre nas possibilidades dos acontecimentos inexplicáveis a minha compreensão. Por isso próximo de completar sessenta e seis anos de vida, agradeço a própria vida por ter existido e convivido com pessoas maravilhosas, tantos os parentes de sangue como aqueles a quem escolhi ou que me escolheram através destes anos de existência. Miro.
Em tempos de Pandemia.
Escolhi este texto escrito a tempos atrás, para repetir o agradecimento pela vida e renovar esperanças no misterioso milagre da vida onde a dor por mais pungente que seja não pode vencer a determinação no bem e no amor que deve nos mover sempre em direção ao destino eterno que nos esperara com certeza. Miro. Hoje setenta e quatro a completar daqui uns dias, continuo em casa a cumprir protocolo pela vida minha e dos outros. minha esperança é viva; venceremos.Miro.