Envelhecer

A finitude se aproxima. Junto a ela comemoro as decepções. No processo, elas me enfurecem, mas sei que a fúria é necessária; ela movimenta. Mas há também conquistas a serem mencionadas, mas estas são muito internas, abstenho-me , portanto, de compartilhá-las. Mas saibam que elas existem. Também Perdi um amor, no entanto ganhei a mansidão que vem da perda. Considero que Hoje não é dia de comemoração, pois o luto tem seu tempo. Perdoem-me , nesse sentido, o pessimismo; Mas agradeço os apreços verdadeiros. Creio que o significante do dia seja balanço e , por este, louvo a vitória de existir. Este processo que é doloroso, ainda mais quando se faz sozinho , porém que é uma caminhada necessária . Motivos para sorrir? Sempre há! Os sorrisos verdadeiros, as palavras de ternura e o Outro primordial sempre me alegraram. Com essas palavras agradeço a todas as felicitações e aproveito para fazer um apelo a todos, mesmo os ausentes de palavra : tentemos nos desalienar um pouco desse imperativo de gozo , olhemos e legitimemos os sujeitos que timidamente são calados, observemos os solitários, eles clamam pelo direito de dizer e por alguém para lhes ouvir; e, se não for possível ter empatia, compadeçam-se ao menos, pois todos têm suas razões - do quê, não cabe neste texto. E , por fim, desculpo-me pela instabilidade quase esquizóide, mas quanto a ela só posso desculpar-me, pois não há possibilidade de deixar de ser. Então, faço as palavras de Lispector às minhas: " deixem-me ser". Obrigado

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 23/02/2020
Reeditado em 23/02/2020
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