SEMENTE DO AMAR

Aprendi a semear poesia e plantar bromélias, cada vez que colocavam sobre mim, densos e quase indissolúveis obstáculos. Não me canso de semear amor e ver florescer as flores que cultivei. Fui arrastada por vendavais das incompreensões, mas me agarro nas colheitas incríveis daqueles que me estendem suas mãos. Mãos que enxugam minhas lágrimas, mãos que me sustentam para livrar-me dos precipícios, mãos que curam com seus cuidados, as chagas de minha alma, mãos que massageiam meu peito quando o coração entra em desalinho, mãos que afagam a face, mãos que falam sem precisar de palavras. Não hão de abater-me mais com suas crueldades. As árvores que plantei me proporcionam sombras, os rios, águas frescas para banhar-me, e a chuva a regar minhas inspirações, e, meus versos, um lindo e encantado bailado. Os pássaros sobre minha varanda a orquestrarem os sons inocentes e sagrados. Aprendi com o tempo a semear a terra fértil de minha alma, mesmo quando tropeço na solidão. Quantas vezes; nas inúmeras madrugadas tateei sobre o vazio da sala fria e solitária, mas acendi as lareiras do meu ser e, sobrevivi para recomeçar a cada momento que o sol levanta no horizonte. Minhas madrugadas ainda são acompanhadas de sutis emoções, das lembranças doces com sabores de morangos e framboesas. A minha companhia, agora sei que me basta, não poderei trocar a doçura por companhias amargas como o fel. Prefiro as mãos amigas que me acolhem, e eu também, a acolher quem de mim precisa, que mendigar pão frio e dormido das enganosas companhias. Estamos na linha tênue entre manter-se equilibrada ou despencar, pois preferi ser equilibrista desta minha vida, às vezes alegre, outras vezes triste, mas, é minha vida. São tantas mulheres que habitam em mim... A que planta, a que semeia o amor, a que se deita sobre leitos febris e molha-se com o suor de meus irmãos, sem importar-se com a doença, aquela que senta com um mendigo e partilha diante os olhares orgulhosos, o pão. A que grita e a que se agita em prol dos oprimidos, dentro de suas próprias prisões, os calabouços escuros de suas loucuras, dos que já se perderam no mundo, as censuras, porque são esses frágeis homens que necessitam de amor e abrigo. As pedras que jogaram em minha direção, fiz um caminho seguro, e aos poucos construí uma verdadeira fortaleza e, hoje, as mãos de Deus me acolhem e protegem para que eu continue a semear a terra fértil e cheia de flores, e ao acordar, meu jardim se faz um rosário, para que em minhas orações eu não me perca desse imenso amor por meus irmãos. Não estou imune as tristezas neste mundo de expiação e dor, mas o amor existente em meu ser afugenta as sombras, tornando-se mais leve, meus fardos. Obrigada Divaldo Pereira Franco, por me fazer enxergar o mundo com mais compaixão, humildade e amor!

TEREZA GUEDES
Enviado por TEREZA GUEDES em 24/04/2019
Código do texto: T6631278
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