Minha professora
Meu nome é José, nasci no interior de São Paulo na cidade de Tanabi, SP.
Meu pai era lavrador e minha vivência foi na roça acostumado com os meios rústicos de viver. Quando completei a idade de escola meu pai foi na cidade e me matriculou no primeiro ano letivo, eu não gostava muito de estudar e quando eu estava dentro da sala de aula meus pensamentos era estar fora para pescar, nadar ou brincar de futebol. Quando cheguei ao terceiro ano escolar chegou da cidade uma professora muito exigente e fez uma avaliação e percebeu que diversos alunos não sabiam a tabuada e eu era um deles. A professora chamava aluno por aluno para tomar a tabuada com uma palmatória na mão. Quando chegou minha vez, eu não sabia tabuada e ela batia nas minhas mãos. A minha vida foi ficando difícil por que eu sentava la no fundo da classe e mal conseguia ouvir a professora ou enxergar a lousa. Notei que ela guardava a palmatória dentro de uma gaveta de sua mesa. Certo dia la no sítio peguei uma cobra cega coloquei dentro de uma sacola de plástico trouxe até a escola e coloquei dentro da gaveta da mesa da professora. Quando a professora me chamou para tomar a tabuada ela perguntou, José quanto é 6 x 2 respondi 18. Ela abriu a gaveta para pegar a palmatória e num instante a cobra deu lhe um bote e lhe mordeu a mão. A professora não conhecendo o tipo de cobra derrubou a mesa, saiu correndo e pedindo socorro. Com a barulheira ajuntaram um monte de professores e o diretor da escola sabendo do assunto a levou urgente no Pronto Socorro. Chegando lá eles relataram que a professora havia sido picada por uma cobra e o médico perguntou que tipo de cobra era. Ela respondeu que não sabia, e o que viu era apenas uma cobra preta. Então voltaram lá na escola e trouxeram a cobra e a coitada já estava toda machucada e morta. Quando o médico viu a cobra até riu, e disse, essa é uma cobra cega, ela pode até picar, mas não é venenosa.
Então o mundaréu de gente e a professora voltaram descabidos para a escola. Ela me chamou e perguntou, José foi você que colocou a cobra na minha gaveta eu disse:- Professora eu tenho muito medo de cobra. Ela ficou meio cismada comigo, e até o marido dela falou, ainda bem que foi uma cobra cega e se fosse uma jararaca. Daquele dia em diante ela me tirou lá do fundo da sala de aula. Ela percebeu que eu precisava de ajuda, me deu um cargo dentro da sala de aula eu era responsável pela disciplina e horário de saída dos alunos para irem ao banheiro, deu-me um caderno novo, lápis e uma borracha e com toda dedicação me ensinou em aulas de reforço a tabuada. Aos poucos passei a gostar e considerar a professora como se fosse a minha mãe e quando ela antes de entrar na sala de aula ensinei todos os alunos se levantarem e dizerem. “Bom dia professora”.