Aos promovidos
.:.
Aos promovidos
Hoje, tive a grata satisfação de perceber a felicidade estampada nos semblantes dos meus comandados - irmãos de farda e amigos que conquistei ao longo de dois anos de comando. Em cada um deles, no brilho dos olhos, irradiava sincero ar de orgulho e gratidão. Eram os mesmos homens, mas com motivações diferentes. Cabos que já se sentiam sargentos, aguardando a publicação oficial; sargentos que se orgulhavam de estufar o peito para que aflorasse, reluzente, a nova camisa com a inscrição de Subtenente... E oficiais que ascendiam de posto.
A vida depende de motivações. As motivações, de perspectivas. O que num passado recente era sonho e parecia distante, agora é real - estamos todos de parabéns!
Em todas as profissões existem lutas que se fundam em ideais que brotam do amadurecimento de ideias sensatas e forjadas com o suor daqueles que nos antecederam. Para nós militares, apesar dos limitadores da hierarquia e disciplina, pilares que nos diferenciam dos cidadãos civis, não poderia ser diferente. Sofremos. Lutamos. Choramos. Hoje, entretanto, chegou a hora do congraçamento e de nos regozijarmos das nossas lutas, assimilando os acertos e amadurecendo com todos os erros.
O que mudou? Tudo! Os gestores, as mentalidades, as leis, as percepções do outro e de nós mesmos. Mudou, acima de tudo, a coerência que aflora apenas diante do diálogo - essa ferramenta que destrói todos os conflitos. Quem tem comedimento, sensatez e olha para o homem como homem, prescinde da arrogância e da imposição, decidindo destinos e vidas pelo exemplo da harmonia e união.
Que a partir de agora, a esperança se revista de trabalho, que as angústias sejam enxertadas de alegria, extrapolando as cercanias dos aquartelamentos e refletindo no cidadão que tanto espera de nós. Que também sejamos mais humanos, menos truculentos dentro e fora dos nossos quartéis, tratando os desiguais desigualmente.
"Gentileza gera gentileza". Reconhecimento exige gratidão. Temos, portanto, a obrigação motal de retribuir essa data festiva entre nossos familiares e amigos, mas, principalmente nas ruas, mostrando para todos que verdadeiramente somos dignos de tais promoções.
Aos que foram preteridos, fica a esperança renovada de que o tempo não é o nosso, mas o de Deus. Reafirmando a sabedoria do imortal poeta: No final, tudo dá certo. Se ainda não deu certo é porque não chegamos ao final. O que separa o plantio da colheita é a paciência. Em Deus, tenhamos fé. Que venham os novos desafios. Estaremos prontos.
Nijair Araújo Pinto - Ten Cel QOBMCE
Cmt do 4° GB
.:.