OS SOFRIMENTOS DE CADA UM...

Na segunda feira à tarde, fomos até a Empresa que prestamos serviços e regressamos pela “Linha Verde”; no trecho ainda não concluído, passamos do nosso retorno habitual, ao fazermos um mais além; aproveitamos para visitar um casal de amigos, que há alguns meses não o víamos. Já os conhecemos a mais de vinte e cinco anos...

Na realidade na grande maioria das vezes, em nossos procedimentos, não há o acaso, mas sim, uma sutil intuição que nos direciona para uma atitude não prevista: ao chegarmos ficaram extremamente contentes em nos rever.

Inevitavelmente, é natural que passados mais de duas décadas, vêem a tona às reminiscências de cada um. No decorrer de nossa conversação, ele comentou, - L.A.S.- que completara 61 anos, e 23 de cadeira de rodas; prometemos escrever algumas sucintas palavras de sua experiência de vida...

O conhecemos de forma não habitual; em 1986; um cliente escolheu mercadorias de nossa Empresa, e, como pagamento nos deu uma motocicleta; o recibo estava em branco, motivo pelo qual nos dirigimos ao seu endereço, que por coincidência continua sendo o mesmo; comentamos que havíamos negociado a moto que ainda estava em seu nome, com o nosso cliente; sem qualquer tipo de ressalvas, nos devolveu o recibo assinado, nos indicando o cartório para o reconhecimento da assinatura...

Foi quando fomos informados que no terreno anexo a sua residência, funcionava sua firma com alguns empregados, para reforma e recuperação de veículos acidentados e que prestava serviços a varias seguradoras; despedimos-nos.

Nos anos seguintes, em muitas ocasiões, chegamos a recorrer aos seus préstimos, e indicar os amigos, pois os serviços eram bem feitos, preços módicos; e o recebimento dividia em algumas parcelas...

Não muito tempo depois, acabara de completar 38 anos, à noite estavam fazendo os preparativos para efetuarem uma viagem na manhã seguinte; de repente teve uma forte sensação de dormência nas pernas; perdendo completamente seus reflexos, “elas não obedeciam”, isto associado a fortes dores abdominais; foi uma noite de” pesadelo”; nos dias seguintes fez uma “maratona” de exames clínicos, inclusive no Hospital das Clínicas; que é um hospital de referência nacional...

Até que finalmente consultando um médico catedrático deste mesmo hospital, em seu consultório particular, com especialidade nos problemas que o afligiam; o Professor Doutor comentou que precisaria ter uma série de exames em mãos; respondeu-lhe que já fizera os exames que estava solicitando; mas que o Hospital, não tinha por hábito entregar ao paciente os resultados; o próprio ficou de apanhá-los e mais tarde o chamaria para mais uma consulta, sem que tivesse a ele novos custos...

Passados alguns dias a sua secretária telefona, marcando a consulta; para lá se dirige com muita ansiedade; finalmente seria encontrado um tratamento que pudesse novamente voltar andar?

Adentra ao consultório num misto de ansiedade e um pouco de esperanças; logo em seguida o especialista lhe dá notícias não animadoras; informou que esteve reunido com vários colegas analisando minuciosamente os resultados de seus exames e chegaram ao triste diagnóstico, que no momento não encontraram solução e a junta médica não conseguiu detectar quais as causas de seu problema...

Encerrou a consulta dizendo: a ciência está evoluindo, quem sabe daqui a mais algum tempo venha encontrar a solução para o seu problema...

Após gastar vultosos recursos financeiros de anos de trabalho, veio a conformação; seria mais um cadeirante, que teria que adaptar-se a esta nova condição de sua vida, vencendo desafios; mesmo em exercer a sua profissão de consertar lataria de veículos, pois independente de tudo isto, a vida prosseguia, exigindo compromissos e naquele momento, - apesar de suas limitações. - à família dependia dele...

Aposenta-se por invalidez, com o passar dos anos, seus proventos caiem para um salário mínimo...

O tempo passa célere para todos; o mercado se modifica, os carros novos são ofertados em longo prazo e sem entrada, o que desestimula a consertar os que já estão com muitos anos de uso...

O serviço diminui, tornando inviável o prosseguimento em suas atividades...

Nesta faze de suas vidas, dependem dos filhos; que os ajudam, estudaram e concluíram excelente formação profissional; conseguiram uma boa colocação no mercado de trabalho; e agora eles suprem os pais em suas necessidades...

Nestes enigmas, a Doutrina Espírita, lança luzes para clarear nosso discernimento, que busca entender as razões, as causas dos sofrimentos que repentinamente envolvem os seres humanos: sendo o Criador Justo, em tudo que se manifesta, em Suas Imutáveis Leis, para que a vida se perpetue; no átomo dos grãos de areia, às gotas de água dos oceanos, na poeira das estrelas, que aglutinaram energias na formação de novos Planetas, com a presença de incontáveis astros luminosos, para com o seu calor, desabrochassem a vida, em múltiplas formas, em que os seres humanos têm presença de destaque na sua incomensurável Obra; não estaria relegada a própria sorte; pois o acaso é uma palavra que não faz parte do abecedário Divino!

Muitos sofrimentos, em que a ciência não consegue decifrar as anomalias que se manifestam e as suas causas; está: no pretérito, em outras vivências, na inevitável Lei de Ação e Reação; e eclode hoje, não como um “castigo”, mas num processo Divino, em busca do reequilíbrio do ser eteno; os “males” que aparentemente não se encontra uma solução é um processo “regenerativo”, em que, finalmente, o ser afetado encontrará a sua definitiva “cura”!

Não compete decifrar as causas, mas aceitar, com resignação, paciência, o “fardo” que nos compete “carregar”; até encontrar o “oásis” tranqüilo que aliviarão nossas dores do corpo e da alma de nossa definitiva ascensão...

Não poderíamos encerrar nossas reminiscências de hoje, sem recomendar aos nossos prezados leitores, a leitura ou releitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V “CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES.”

São três páginas, pedimos permissão para transcrever o primeiro tópico:

“Mas, se há males dos quais o homem é a causa primária nesta vida, há outros, pelos menos na aparência, que lhe são completamente estranhos, e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal é, por exemplo, a perda de seres queridos, e a de arrimo de família; tais são, ainda, os acidentes que nenhuma providência poderia impedir; os reveses da fortuna que frustram todas as medidas de prudência; os flagelos naturais e as enfermidades de nascimento, sobre-tudo aquelas que tiram dos infelizes os meios de ganhar sua vida pelo trabalho, como as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc.”

Ao concluirmos nossas modestas palavras em homenagem ao amigo L.A.S.; a sua esposa e familiares, que ele não perca as esperanças de readquirir, suas condições normais de saúde; quem pode prever quando a “prova” chegará ao fim? Enquanto perdurar, continue se resguardando na Fé, Resignação, Paciência; na certeza que Deus sabe o que ainda é necessário para o nosso aprendizado, cujas causas na maioria das vezes nesta vida nos é vedado saber...

Curitiba, 20 de janeiro de 2011- Reminiscências - Saul. Hoje é 10 de novembro de 2015

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 10/11/2015
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