REFLEXÕES E LEMBRANÇAS...

Há momentos em que questionamos a nos próprios; escrever o quê e para quê? Diante de um mundo em permanentes transformações, políticas, sociais, religiosas e também geológicas...

Qual o valor de nossas palavras, como tantas outras, externadas com sentimentos por alguém que quis retratar o seu tempo, melhor ou pior, tudo dependerá do anônimo observador, que não quis se omitir, mas se fazer presente para opinar, apontar caminhos, ou lembrar alguns que já foram mencionados a incontáveis anos atrás, mas que por negligência de muitos não foram assimilados, esquecidos até dos reais e verdadeiros objetivos da valorização da própria vida em si...

Repetir que a violência não deu e não dará solução aos problemas humanos, nada estaríamos acrescentando de novo...

Reafirmar que o egoísmo exarcebado é a causa primária de todas as mazelas humanas; também nada de novo estaríamos afirmando, mas continuam sendo os causadores dos infortúnios existenciais que afeta grande parte dos seres humanos...

Mencionar que a ausência e vivência do Amor Pleno, prosseguem, afetando pessoas, causando sofrimentos de difícil reparação...

Comentar que os níveis de programação de nossa TV, estão a desejar, em que a mediocridade está em alta na maioria das programações, sem conteúdo, nada acrescenta ao nosso dia-a-dia; competindo a nós, tão somente desligar, em um sinal de protesto pela falta de criatividade...

Bem sei que são palavras e pensamentos repetitivos, mas que têm utilidade no grave momento de transição que estamos envolvidos; é preciso crer no valor da honestidade, crer nos valores éticos e morais para que a sociedade reencontre melhores caminhos que dê ao cidadão a segurança em que os seus direitos sejam respeitados; inclusive suas vidas, por aqueles que persistem viver à margem da lei, cujas causas são complexas de diagnosticar, mas com certeza estaria nas famílias desestruturadas e a ausência de Deus em seus corações...

... Estamos com o carro estacionado na PUCPR. Nossa filha não se sentia segura para vir até aqui sozinha; os conduzimos para trazer a documentação da conclusão do segundo grau, de nosso neto Lucas, para garantir sua matrícula, visto que foi aprovado no vestibular da Ciência da Computação.

Inevitavelmente, durante mais de uma hora que ficamos os aguardando; lembranças nos vêm à mente fora ele * , amigo de muitas décadas, na época então com 28 anos, a família formada pela esposa e três filhos; cujo dois deles, seguiriam mais tarde sua profissão...

Primeiramente, cumpriu a promessa que fizera aos seus pais, que depois de formado dar a eles uma casa própria e meios para que facilitassem sua subsistência...

Lecionando na Universidade Federal do Paraná, na área que escolhera por vocação: Química, sendo mestre por excelência, que aliava aulas teóricas, com as práticas de laboratório, que dariam aos seus alunos, segurança no desempenho de seus futuros trabalhos, que iriam exercer mais tarde na profissão de Engenheiro Químico...

Na época, o professor que lecionasse numa Universidade era supervalorizado e poderia acomodar-se e para que buscar novos desafios?

Alma lúcida que já despertara no seu íntimo os “talentos” que o Supremo Criador lhe outorgou; muito embora já aceitasse a Doutrina Espírita que lhe dava as respostas aos questionamentos sobre os enigmas da vida, porém, isto não serviu de empecilho para não colaborar, mas sim, prestar sua valiosa ajuda para a fundação de mais uma Universidade; ele com mais cinco clérigos deram o inicio em 1.946, no antigo colégio Santa Maria, na Rua 15 à PUCPR-Pontifícia Universidade Católica do Paraná, embora tenha tido o seu início num pequeno local, hoje ocupa um amplo espaço, com surpreendente crescimento, jamais esperado de como modestamente começou há sessenta e seis anos... Durante mais de três décadas incansavelmente ali lecionou, agraciado com o precioso título de Professor Emérito.

Numa prova eloqüente que quando há maturidade espiritual é possível se vencer as próprias convicções religiosas, dando lugar ao sentimento de religiosidade que supera tudo isto, pois acima de tudo prevalece a vontade de servir e ser um instrumento para o bem comum...

No início da década de 70 o conhecemos e aos poucos fomos nos inteirando de suas atividades; durante longo tempo trabalhamos juntos, na mesma Casa Espírita; mais tarde, constantemente, o conduzimos em suas palestras; sendo professor, tinha facilidade de transmitir os ensinamentos que a Doutrina Espírita exorta; muitas de teor científico; sabia trazer para a platéia menos letrada, o entendimento para que conseguisse assimilar e entender.

Havia, porém, um derradeiro desafio, que se prepusera a vencer, muito embora com obstáculos de difíceis superações; durante muitos anos se dedicou a estudar o elemento magnésio para fins industriais e farmacêuticos e a viabilidade de se construir uma indústria genuinamente nacional que pudesse suprir o mercado interno e quem sabe mais tarde até exportar... Segundo ele isto se deu em 1.964, quando leu numa revista cientifica, que a América Latina deveria construir uma indústria para suprir suas necessidades e não depender tão somente de importações.

Para que isto se tornasse realidade, era preciso achar tempo para prestar seus préstimos à iniciativa privada, para ter suporte financeiro ao complexo empreendimento; como conseguia tempo para tudo?

Anos de pesquisas, sempre conciliando com o seu trabalho de professor nas duas universidades; quando finalmente no início da década de 80 colhe os primeiros resultados de seu sonho acalentado durante anos... A indústria que teve desde o começo a participação de um de seus filhos começa a produzir o elemento magnésio, extraído do mar, suprindo o mercado interno e mais tarde as primeiras exportações; está localizada em Barra do Sul, próximo a Joinville, Santa Catarina.

Aceitando o seu convite, passamos em 1.998 a nos dedicar integralmente à divulgação junto à classe médica das “Gotinhas da Saúde”.

O tempo passa célere para todos. Cumprira com denodo sua missão entre nós, e no dia 30 de janeiro de 2.010, parte placidamente aos 92 e dois anos, de uma vida profícua e repleta de realizações; comumente isto é muito comum; os grandes benfeitores passam quase despercebidos na valorização de sua missão; não é destaque na mídia, normalmente enaltecem outros “valores”, e certamente isto não os afeta, pois desde a muito estão vivendo em outro nível de consciência os “aplausos” e os reconhecimentos são dispensáveis...

Agradecemos aos nossos leitores (as) a paciência de ler nossas palavras e esperamos ter externado algo de bom com nossas palavras de hoje.

* Nos referimos ao Professor Doutor Reinaldo Spitzner, natural de Curitiba, autor de vários livros e de inúmeros trabalhos científicos. De reconhecimento mundial de pesquisador na área do elemento magnésio.

Curitiba, 17 de janeiro de 2.012- Reflexões do Cotidiano- Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 04/08/2015
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