Minha despedida à Oliver Sacks - Adeus à Vida !
Noutro dia, navegando à deriva, deparei com um texto que me intrigou por vários dias. Sou assim, preciso assimilar as palavras, desvendar o seu conteúdo para enfim, metabolizar o seu significado, depois esqueço...
Graças ao criador que ao nos fornecer esse instrumento deletor, nos livrou da loucura total. Por isso, não vejo os portadores da Doença de Alzheimer, como vítimas de grave transtorno, na verdade a grande maioria ao ficar " doente " está vivenciando um processo de limpeza de arquivos que ao longo dos anos se tornaram deletérios. O que há de grave em simplesmente esquecer das coisas ? vejo esse ato como um desapego,uma forma de eliminar a bagagem desnecessária acumulada ao longo dos anos. É como morrer, para tal, obrigatoriamente devemos nos desapegar do corpo, a morte mesmo que negada e adiada ao extremo, não é obrigatória e inexorável ?
Bem, esse assunto fica para outra conversa, no momento estou interessado na despedida de Oliver Sacks, eis o texto que lí na mídia:
... Oliver Sacks está se despedindo. Em uma carta publicada na quinta-feira, dia 19, no jornal americano The New York Times, o neurologista e escritor inglês anunciou que está com câncer de fígado em estágio avançado. Sacks conta que, aos 81 anos, ainda é capaz de nadar mais de um quilômetro por dia, mas foi diagnosticado com um câncer incurável que já ocupa um terço de seu fígado. Há nove anos, ele havia sido diagnosticado com um melanoma ocular.
Assim Sacks exprime a sua experiencia:.. “Não posso fingir que não tenho medo. Mas meu sentimento predominante é a gratidão”, escreveu Sacks, em sua comovente despedida.
O neurologista afirma que pretende viver os meses de que lhe restam da forma mais intensa, rica e produtiva possível. E deu detalhes: "Sinto-me intensamente vivo, e quero e espero, no tempo que resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever mais, viajar, se eu tiver forças, alcançar novos níveis de compreensão e entendimento".
Autor de vários livros, como Tempo de despertar, o neurologista acrescenta “Acima de tudo, fui um ser consciente, um animal pensante, neste belo planeta, e só isso já foi um enorme privilégio e uma aventura”.
A proximidade da morte já levou outras mentes privilegiadas a refletir sobre a vida, e certamente também sobre a morte...
Ter a lucidez e a dignidade de compreender que a morte não é algo a ser evitado a todo custo, e sim um momento da vida, como qualquer outro. Em muitas situações, ela simplesmente não pode ser evitada, apenas adiada, e o custo disso pode ser um sofrimento intenso e desnecessário. O “prolongamento da vida” pode, na verdade, ser apenas o prolongamento do processo de morrer. Muitas vezes, com grande sofrimento e sozinho. E isso, por si só é um motivo e tanto para que Oliver Sacks, não queira para o fim de sua vida.
Minha homenagem à este grande ser humano que está sabendo cumprir o seu objetivo nesta trajetória de sua existência carnal.
Rio de Janeiro, 03-05-2015
Rog.