“Eu tinha um Pedaço de Mar"
— De Zélia Maria Oliveira Freire —

No meio da tarde, chamam no portão. É a moça do Correio que já me faz querer adivinhar: presente de Zélia, minha amiga querida de Natal? Será? Algo me diz que chegou o precioso livro que ela carinhosamente me enviou das terras do Sol. Debaixo da chuva fininha vou lá conferir e descubro que estava certa.

Assino o papel, devolvo pra moça e entro com meu pacote na mão. Vou lendo as informações, reparando nos selos, aproveitando pra sentir de forma concreta esse carinho de minha amiga, grande pensadora e escritora Zélia Maria de Oliveira Freire, que conheci virtualmente aqui no Recanto das Letras, e pessoalmente quando estive em Natal, em 2012.

Finalmente, tenho nas mãos “Eu tinha um Pedaço de Mar”. Que coisa linda! Encadernação maravilhosa, com fitinha de marcador e tudo! A capa sensacional mostrando a silhueta de Zélia frente à imensidão do mar. Ah, sou criança explorando um brinquedo que acabou de ganhar.  Abro a primeira página, me demoro nas linhas autografadas. Que coisa boa ler as palavras carinhosas, a mim dirigidas! Linda apresentação de Yasmine Lemos, prefácio de Francisco de Assis Câmara, a primeira e o segundo traçando um retrato perfeito da autora e de sua obra.

Salto para a contracapa, depois folheio aqui ali e sofregamente vou lendo trechos de uma Literatura que há muito aprendi a admirar. Não, não quero ler seguindo uma ordem. Alheatoriamente vou deixando o coração escolher e ele para ali, exatamente onde leio “Eu tinha um pedaço de mar e ele se foi como uma nuvem sombria, agora sem ele eu não me conheço”. A partir daí, me entrego às delícias da leitura.

Vou encontrando Zélia a cada frase, a cada pensamento, a cada inspiração. Fragmentos de emoção, escritos à luz da realidade, ou à magia da poesia desta “sentidora” de vida. Zélia, inquieta, que busca razões, que indaga do homem e do universo. Zélia que caminha com os livros e busca na Filosofia ou na poesia, motivos que expliquem — ou não — tudo aquilo que nos vai à  alma. Zélia dos momentos, das saudades. Zélia do passado, do presente, da solidão, do amor que ondulou mar afora...

Assim, Letras que vêm para ficar mais perto da gente. E à cabeceira, sempre haverá um trechinho marcado com a fitinha vermelha para ser lido mais tarde ou a qualquer momento. E o que posso dizer é que será sempre uma delícia reler, reler e reler as belezas destas páginas, na verdade, vozes do coração... Do coração de Zélia Maria Oliveira Freire, a quem deixo aplausos de pé por essa belíssima obra, e meu sincero obrigada pelo carinho.

 
Um abraço, amiga Zélia.
Marina Alves.