AO CHICO, POR também ME TER FEITO ACREDITAR!
Uma opinião em resposta ao que li por aí...
Em política existem razões que a própria razão desconhece...é o que diriam os poetas e filósofos.
A vida é um constante jogo de interesses e manutenção da zona de conforto, ainda que seja em nome dos tantos "pobres" do nosso entorno.
Nossa pobreza é holística e crescente enquanto seres humanos cada vez mais desumanos que somos.
A princípio estamos numa democracia , e de fato, todos têm o direito legítimo de apoiarem quem melhor lhes convier, aquele em quem acredita, é mister respeitar os sentimentos, todavia, o triste é que alguns negam paradoxalmente a sua história e o seu pensamento manifesto nas artes.
O que deveria nos mover , ao povo comum, é o bem estar da coletividade que em suma é o nosso bem estar social,porque ninguém é feliz em meio a tanta desgraça alheia, e mesmo quem trabalha pelo todo com certa esperança UTÓPICA de melhoras e às vezes consegue , de fato, a colocar A MÃO NA MASSA de verdade a modificar milagrosamente um pouquinho a sorte tão triste das pessoas, leva pedra de todos os lados ao se colocar desaprovando as dinâmicas inacreditáveis e antiéticas de alguns fatos, pedras inclusive atiradas por parte daqueles que têm o dever de organizar os serviços e cuidar das pessoas PORQUE SÃO DIPLOMADOS E MUITO BEM PAGOS PARA TAL: em suma, todos os nossos representantes.
Chico é meu ídolo de adolescência, artista excepcional,sensível, inteligente, dono das letras, compositor como poucos da história da MPB; estudei música clássica e vire e mexe insistia com o professor para tocar as belíssimas e difíceis composições populares e dissonantes do Chico, cujas letras nos remetiam à vida surreal e dissonante das pessoas e nos prometiam soluções poéticas, ao menos. Gente humilde fala bem disso. Aquela composição que junto com Chico, nos dá vontade de chorar, até hoje.
Como é fácil iludir a irreverência dos jovens...
Eu apenas queria deixar registrado ao Chico, apenas olhando à minha volta do dia-a dia, que aquela "gente humilde" de antes, aquela que nos instigava belas poesias desde a nossa época de jovens, sofreu tanto, mas tanto Chico, que hoje, inclusive, perdeu a cognição do que seria "humildade digna" a disseminar literalmente seu sofrimento entre nós pelas calçadas dos descasos políticos alternantes, na vitrine de rua das grandes cidades.
É preciso se estar bem perto para enxergá-las e ouvi-las no seu âmago suplicante.
Hoje o poema é surreal CHICO, bem diferente das ruas da longínqua Paris.
Tudo depende da ótica social com que vemos as coisas e poetas, às vezes, vêem beleza até na indignidade disfarçada de versos...mesmo quando em pensamento versejado "às gentes humildes", ou a orar fervorosamente na catedral de Notre Dame por elas, a entornar um absinto deveras cada vez mais amargo, entre um ou outro "petit fours" dum elegante café parisiense, pedimos desesperadamente a DEUS pela GENTE HUMILDE de todos os tempos: "PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE... DE VINHO TINTO DE SANGUE".
Hoje, por aqui entonamos esse seu verso, Chico, todos juntos !
Só poesia...e só com muita poesia para suportar a nossa realidade assoladora.
Porque pelas ruas das nossas "tantas violências", também somos, cada vez mais, todos "gente humilde com vontade de gritar"...