A professora maluquinha
Mais um dia. Chego em casa, os olhos ardentes, as pernas doloridas por me sustentarem durante o dia inteiro, a garganta seca e dolorida, o cansaço ao pensar nas aulas que ainda têm que ser preparadas. A noite será longa, e mais longo ainda o próximo dia, com aulas na universidade, ônibus lotados, sanduiches tentando amenizar a fome que persiste. Depois de anos de negação, o gene se mostrou mais forte: os meus primeiros seis meses sendo professora, assim como meu pai e meus irmãos, deixaram meu corpo exausto. Até que, por fim, chega a última sexta –feira. E a surpresa: alunos escrevem no quadro, com muito carinho, uma homenagem a esta crazy teacher que eles têm. E, ao me despedir da aluna predileta, aquela que te faz acordar mais animada pois é certo de que a aula será boa, vem aquele “obrigada, teacher, você não sabe o quanto me ajudou.” Chega aquela consciência de que sim, moldamos pessoas, mesmo inconscientemente, mesmo nós que não temos uma forma definida. E agora eu sou toda amor: sinto que cada segundo valeu a pena. Ensinei tudo de mim, mas aprendi muito mais do que poderia um dia imaginar. E aquela cena linda, emoção pura, sempre ficará na minha memória. Obrigada por tudo, minha querida aluna. Obrigada por me mostrar que ser feliz e fácil demais.