Ciente
Ouvi ao longe a sirene de um combóio
o som de um tango que endoideceu
um rouxinol que se perdeu
gritos de famintos
terrestres pedindo
o toque de um coração
os ecos dos namorados
o bater de palmas de mãos
o rádio que ficou mudo
passos sem barulhos
música sem sentidos
uma guitarra tocando
uma voz que voltou atrás
Amigos e inimigos
a falta do perdão
bébés chorando
o prazer de lado a lado
a grandeza deste mundo
a chama brilhando
tantas repetições
a Maria chorando
um animal sofrendo
as águas jorrando
Pessoas se queixando
como o sol ficou
uma planta secretando
casas umas em cima das outras
côres magistrais
alguém, eu
as nossas imagens
os reflexos do espelho
quase o final da vida
como é bom estar viva
tu dizeres: és o meu amor
como tudo está tao perto