Procuro Janderson Farias

Pedido de ajuda original de mundodasnoitesbrancas.blogspot.com

Há pessoas que nos gravam indelevelmente com os seus atos. Quer no bom e quer no mau sentido.

Pouco tempo depois de começar a blogar experimentei a mais negra raiva quando fui literalmente insultada no Facebook (falei disso aqui), mas também encontrei uma das pessoas mais admiráveis e que mais me influenciou na edição do livro.

Essa pessoa chama-se Janderson Farias.

O Janderson foi o amigo internauta de muitos momentos importantes.

Quando comecei a publicar as crónicas e os contos no site brasileiro Recanto das Letras, foi o primeiro leitor a comentar o Malam em profundidade. Julgo que foi a sua crítica, de genuinidade para mim validada pelo seu absoluto anonimato e ausência de vínculo a mim, que finalmente me guindou na confiança de avançar para a edição.

Mais tarde descobri o escritor notável que Janderson Farias é. As suas histórias constroem mundos de mistério vividos por personagens ímpares. Lê-lo tornou-se-me viciante.

A sua presença marcante no blog e nas mensagens de estímulo tornaram-no numa companhia amiga, inestimável e inesquecível. Esteve sempre aqui. Participou activamente em todos os desafios que lancei e incitou-me a refletir sobre as suas próprias e acutilantes visões do mundo.

Outras pessoas existem no mesmo círculo de importância que inclui o Janderson; mas falo dele hoje aqui por um simples e fundamental motivo: o Janderson Farias desapareceu da blogosfera. E suspeito que não o tenha feito voluntariamente.

Desde Novembro de 2011, que deixou de publicar em todos os lugares onde marcava assídua presença, deixando as histórias, que tanto o empolgavam, a meio. E o mais estranho de tudo é que, contemporânea a essa data, era a discussão que mantínhamos relativa a um tema sobre o qual eu pretendia escrever. Jamais me respondeu à última mensagem que lhe enviei. Depois disso, já indaguei por diversos meios a sua situação. Nada consegui apurar.

Poderão dizer-me que o Janderson Farias é uma criatura da blogosfera, imaterial e sem identidade real. Aceito essa possibilidade; contudo, antes de a admitir como verdadeira, preciso de saber o que realmente aconteceu à pessoa que encarnava esse nome, à mente que criou os livros inacabados que li e aos dedos que escreveram coisas tão belas como este conto que ofereceu ao Mundo das Noites Brancas.

O Arrebol

Do alto da colina ele contemplava a cidade, do sul ao norte perpassando o pôr-do-sol. Finalmente galgara a mais alta das colinas que circundavam a cidade onde ele vivera toda sua vida, aquela onde se enrodilhara seu mundo, pela sua face mais áspera. Não estava sozinho quando iniciara sua empreitada. Muitos o acompanharam no início, contudo todos acabaram por deixá-lo durante a escalada, um a um. Percurso deveras árduo; um trajeto sem trilhas ou guias, aquele desbravado por poucos, que nada se importaram em criar balizas à sua passagem. Diversas vezes caiu e rolou ribanceira abaixo, de volta ao ponto de partida, cada dessas vezes perdendo mais dos seus companheiros, sempre pensando em então abdicar da jornada. Mas estava convicto. Só falha quem desiste, morrer tentando é a única das vitórias possíveis na luta contra o mundo, esse era seu lema. E ali, afinal atingido seu objetivo após luta tamanha, vendo as luzes da cidade do alto do monte, tomado pela tristeza tudo que pôde sentir foi pelas coisas perdidas pelo caminho. Agora entendia porque nada era sinalizado naquela trilha, ninguém que chegue àquele destino deseja ver outro incauto alcançando, nos seus passos, o topo da Montanha da Solidão.

Por Janderson Farias

E preciso de saber porque quero que essa pessoa, o Janderson Farias, saiba que, independente de tudo o que possa ter acontecido, retribuo a sua generosidade com a mais profunda gratidão.

Por isso, peço a quem puder fornecer-me alguma informação útil sobre o paradeiro de Janderson Farias, habitante de Gravataí/RS - Brasil, que me contacte através do e-mail olindamorgado72@gmail.com

Obrigada.

olinda morgado
Enviado por olinda morgado em 20/01/2012
Código do texto: T3451008