MEU JARDIM ME PRESENTEOU

hoje recebi um presente diferente, levei algumas horas para compreender o que havia acontecido.

ao chegar em casa, por volta das 22:20 hs de hoje, molhei-me por demais visto que chovia à cântaros, uma chuva necessária se bem que exagerada.

pelos caminhos que percorremos nos deparamos com pontos de alagamentos, baciões que represam a agua e faz o trânsito caótico.

enquanto abria o portão observei que toda a extensão do quintal que é cimentado estava coberto por lama, a terra molhada do jardim, se jogara para fora de seu espaço; a medida que seguia para a porta dos fundos da casa, notei que assim tambem a lama seguia.

abri a porta da cozinha e senti pisar em agua abudandante.

a casa inteira alagada, enlameada, nem um canto sequer estava seco.

foi um exercício interessante.

fui entrando, deixando primeiro em cima da mesa da cozinha a vazilha com um grande pedaço de bolo que trouxe da festa de despedida que os amigos fizeram para mim no centro espírita.

depois deixei a bolsa sobre a cama e acendi as luzes.

o sol e a lua tremiam de medo e de frio, pularam do sofá onde estavam em pé e enfrentaram a agua para correrem para meu lado, peguei nos braços os dois, meus gatos queridos e assustados.

era de arrepiar, ou de gritar conforme fazia os visinhos da casa do meio; vivemos em um condominio fechado de casas.

terra, agua, folhas, flores, pedaços de pau, grama.

pensei e pensei, o que fazer, como agir?

se eu gritar tambem, tudo isso desaparece. desconfiei que não.

então fiz um plano de ação. não jantaria agora. limparia primeiro.

busquei saber onde estava mais enlameado, comecei por retirar a agua empoçada, deixando o barro mais ralo.

foram exatos cinco bacias grande de lama. acabei agora de limpar muito por cima, mesmo passando limpador, amanhã deverei proceder outra limpeza.

hoje pela manhã eu decretei que sou feliz.

é um argumento forte para se declarar, e foi isso que me veio a cabeça durante o tempo em que limpava.

fiquei cansada, e me pergunto.

--como me sinto?

e me respondo espontaneamente.

--sou feliz!

--e hoje recebi muitos presentes. dos amigos ganhei uma jóia e músicas especiais, do meu jardim ganhei uma visita.

--sei que pareceque loucura, mas cheguei a conclusão de que a única forma do jardim me presentear seria esta. uma visita original e cruel.

cruel porque é crua, original porque usou de sua natureza e do que esta lhe ofereceu que foi a chuva.

(escrito em 20/11/2009, na cidade de Curitiba/PR, no dia 22 pela manhã partimos de volta para São Paulo).

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