Minha gratidão

Dia das Mães. Mais um!

Um domingo mais que especial, afinal, é o dia dos filhos homenagearem suas mães. Muito bem!

Todas nós, mães, sabemos que enquanto criancinhas, os papais são os responsáveis, às escondidas, pelas providências para que os filhos nos presenteiem. É delicioso ver a felicidade estampada nos rostinhos deles. Ficam mais curiosos do que nós mesmas. Quando mais crescidinhos, ajudam a escolher o presente e aguardam, ansiosos, para saberem se agradaram a mamãe. É bonitinho demais!

Eles crescem, começam a trabalhar. Chegam com uma perguntinha num dia, outra perguntinha noutro dia, até descobrirem o que gostaríamos de ganhar. Fingimos não entender. Chega a ser engraçado.

Tem presente embrulhado em papel laminado, de seda, colorido, listradinho, pacote com laços de fita, um mais lindo que o outro! O dia fica florido, almoço caprichado, um bom vinho, cerveja geladinha, tira-gosto, etc e tal.

Tudo isso faz parte da cultura que se criou em torno do dia das mães. Ótimo! E é raro não gostar das homenagens.

Mas hoje, especialmente, quero fazer uma homenagem diferente: quero agradecer. Ao meu marido e aos meus filhos queridos.

Ao meu marido, primeiramente, porquê, afinal, foi ele quem 'colaborou' com muito amor, pra que eu pudesse ser mãe. Ao receber a notícia da primeira gravidez então!... Ele não cabia em si, tamanha era a sua felicidade!

Durante os nove meses, sempre preocupado com o meu bem-estar. Melhor dizendo, o nosso bem-estar. Mais precisamente quando aproximava o nono mês: dificuldade de dormir - não havia posição confortável. Era um tal de colocar o travesseiro ora entre as pernas, ora nas costas, outro debaixo do braço. Ufa, que canseira! E ele ali, cheio de mimos, na maior paciência. E pra sentar então?! Aquela barriga enorme dificultava a respiração, e quando o pezinho do neném encaixava por debaixo das costelas... Ai, ai, ai, que dor! Ah, as caimbras! Santo Deus! Era cada susto que ele levava! E a danadinha vinha sempre durante a madrugada. O homem quase tinha um "treco"! E não esquecendo o trabalho incessante: durante o dia, em uma empresa, à noite e aos sábados e domingos, como taxista. Sempre batalhando para que nada nos faltasse. E foi assim, também na segunda e terceira gestações. Um desvelo constante. Obrigada, Jefferson, por tanta dedicação!

Agora, agradeço aos meus filhos Bruno, Dafne e Ivan.

Filhotes, tudo isso aí que eu disse, agradecendo ao seu pai, não foi sacrifício nenhum ok? Foi bom demais!

Senti-los em meu ventre crescendo devagarzinho, foi fascinante!

Ouvir seus coraçõezinhos foi emoção divinal!

Recebê-los em meus braços, alimentá-los, cantar baixinho enquanto os embalava na hora do soninho:

Ah! Como foi gostoso! Gratificante! Só tenho a agradecer a Deus e à Santíssima Trindade, a permissão que me foi dada para tomar conta de vocês três.

Com você, Bruninho, passei por alguns apertos. "Mãe de primeira viagem", ô dureza! Nos primeiros dias quando você chorava, eu chorava junto; se dormia muito, lá ia eu 'mexer' em você, pra ver se estava bem; se tinha cólicas, eu entrava em desespero. O seio "empedrou" de tanto leite e a mamãe aqui, achando que você não queria mamar, vê se pode!

Mas graças a Deus, passou-se o primeiro mês e, logo, logo, "peguei" o jeito. Foi bem mais tranquilo e tudo transcorreu maravilhosamente bem! Você foi crescendo lindo, inteligente, saudável. Os primeiros passos, o primeiro dentinho, o primeiro aniversário, a primeira escola, a catapora, o acidente na escola e o braço quebrado, a natação, e por aí vai! Quantas etapas nós passamos e vencemos! Um dia, conto mais sobre as nossas peripécias! Hoje, você é um "homem feito". Casado, já tornou-se pai e não precisa mais dos meus cuidados. Responsável, justo, trabalhador, e mais uma série de talentos. Só tenho aplausos pra você. Continuo orando e pedindo proteção; bênçãos pra sua vida.

Dafne, minha menina. Apressadinha pra nascer, que só vendo! O trabalho de parto começou às três e meia da madrugada e às oito horas de uma linda manhã, escorregou que nem sabonete! Sob os olhares e os sorrisos de surpresa e felicidade, meu e da sua futura madrinha, você veio ao mundo.

Com você foi mais fácil. Segundinha né? Eu já sabia o que tinha a fazer. Mesmo assim, tive muitas dúvidas que iam sendo dissipadas com a ajuda das vovós. Elas, sempre presentes e prontas a estender as mãos e acudir aos meus pedidos de socorro; grandes mulheres!

Crescendo inteligente e linda, já dava mostras da sua feminilidade. Meiga, dengosa, organizada, amiga, companheira, solícita, generosa. Tenho ainda suas cartinhas, seus bilhetinhos deixados tantas vezes em cima do meu travesseiro. Letrinha trabalhada, caprichosa, cheia de carinho demonstradas nos muitos coraçõezinhos e boquinhas de beijo, desenhados nas margens do papel do caderno. Ah! Como era gostoso receber aquele desejo de boa noite!

Também com você, os acontecimentos foram deliciosamente vivenciados. Não esqueço quando você largou a chupeta, quando deixou de usar fraldas, quando aprendeu a andar de bicicleta lá na pracinha, o medo do mar, as primeiras letras, as apresentações na escola. Isso mesmo, Você sempre teve uma “queda” pelo teatro, pena que não pode fazer escola! Enfim... São muitos momentos para relembrar. Ao longo da vida vamos "matando" as saudades, e para tanto basta olharmos as inúmeras fotografias. Registros importantes de uma época de preciosidades.

Apesar dos percalços durante alguns anos, desde o seu ingresso na universidade, você sobrevive bravamente. Deu-me de presente um neto maravilhoso. Mãe, e ciente de suas responsabilidades, tornou-se pronta pra seguir seu próprio caminho. Obrigada, filha. Pra você também, minhas melhores vibrações e orações. Que continue merecedora de muitas bênçãos.

Agora, minha “rapinha-do-tacho”: Ivan. Ô filhão, a sua chegada nesse mundo não foi fácil; doze horas em trabalho de parto. Diga-se de passagem, dificuldade um tanto parecida com a do seu irmão, porém, tenho que admitir que a barbeiragem do médico também colaborou. Sofri naquele hospital; ninguém merece! Mas enfim, você chegou, fomos pra casa e os meses se passaram. Só tenho agradecimentos pela sua vinda. Ah, menino! O que eu não havia vivenciado com seus dois irmãos, você me proporcionou. Mais aprendizado. O susto, o sufoco, a incerteza, o medo de perdê-lo. Tudo isso num dia e numa noite. Naquela manhã de 22 de outubro de 1984, aos quatro meses de idade, sofri muito. Jamais imaginaria que um bebezinho super saudável e que até então só se alimentava do leite materno, iria se submeter a uma cirurgia de urgência! Foi um momento muito, muito difícil!

Você sobreviveu, com a graça de Deus por ter colocado no nosso caminho, a competência dos médicos que salvaram a sua vida.

Superada essa fase ruim, você se tornou uma criança inteligente, dinâmica, e daí em diante, só alegria e boas surpresas vivenciamos juntos. Logicamente aconteceram as peraltices; e quantas, não é mesmo? A mais engraçada de todas foi aquela que você não voltou pra casa no horário certo após a aula. Lembra? Aquele dia foi memorável! Quais crianças não fazem "das suas"? Isso é saúde, é vida, é bênção.

Filho, você também já se tornou um homem adulto. Estudioso, responsável, disciplinado, sabedor do que quer. A você, também as minhas orações constantes. Você encerrou o ciclo da minha vida fértil, e pude cumprir com a minha missão.

Meus filhos queridos,

Queiram ou não, estando pertinho ou distantes de mim, não fico sem me preocupar com o que pode ou não pode acontecer com vocês. Continuam a ser as minhas crianças amadas, o meu tesouro mais precioso. Vocês sabem que evito interferir na vidinha de vocês, e mesmo não mantendo mais as “rédeas” curtas, me conforta saber que um pouquinho de mim está inserido em cada um. Creio que o gosto pelas artes, pela música, meu lado “pateta”, alguns ensinamentos importantes ficarão, de certa forma, dentro dos seus corações. As lembranças da trajetória de cada um, trago comigo e sei que esquecerei muitas delas à medida que envelheço, mas enquanto não acontece, minha alma se enche de alegria ao perceber que de mãos dadas, suportamos e chegamos até aqui, com solidez e bom humor. Atravessamos e continuaremos caminhando várias temporadas de aprendizado sem igual.

Tenho um pedido a fazer: em muitos momentos, obrigada pelas circunstâncias, tenho certeza que falhei com vocês e ainda falho. Mas peço-lhes mil desculpas. Inerente à minha vontade, e devido à minha passividade, “furei”, como se diz hoje em dia. Não fui a fortaleza, a guerreira, a heroína que esperavam, mas graças às suas personalidades, vocês conseguiram ultrapassar as dificuldades a que foram submetidos. Parabéns e obrigada! Agradeço aos três, a felicidade de ser mãe, felicidade de vê-los felizes, dignos e honrados. Cá pra nós, descobri o porquê nunca ganhei na loteria: vocês são a minha sorte grande, a minha maior riqueza!

Hoje, sou eu quem deseja presenteá-los com este agradecimento. Sintam-se beijados e acarinhados, meus amores. E lembrem-se: o colinho da mamãe estará disponível sempre que precisarem.

Carinhosamente,

Mamãe.

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