Confesso que vivi...
A plenitude de minha alma
Mostra uma paz guerreira
A cobrar um testemunho
Que historie os passos dados
Rebobinando o que registro...
Nas lembranças do passado
E que o faça em versos
Então sem mais ou menos
Assim o coração silente confessa
Lento... Inerte ou apressado
Sem esconder percalços
Mas... Porém... Todavia
Sinto minhas pernas travadas
E o corpo duro e alquebrado
Num profundo cansaço
Com a mente no espaço
Na pele seca a poeira impregnada
Nas feridas que ganhei pela estrada
Ah! Quanto caminhei nessa jornada
Passei e escalei montanhas íngremes
Deitei na relva e descansei
Nadei em lagos e rios profundos
Velejei em mares violentos
E bebi da lama e filtrei a água
Adormeci em gélidos desertos
Aconcheguei-me em colos macios
E levei nas costas a cruz do calvário
Ressuscitei um milhão de vezes
Da solidão e humilhação impostas
Mas nunca perdi a esperança
Ou joguei no outro a culpa
Absorvi e perdoei meus pecados
E amei... Amei sem medidas
Não tivesse no coração o amor
Não teria vencido as tempestades
Muito menos compartilharia o sorriso
Por tudo isto as palavras estão soltas
E as solto no vôo das letras inquietas
Mas ainda não sei os meus limites
Só sei que vivi com paixão e intensidade
Com a humildade de ser um aprendiz
Que gosta de somar e multiplicar amizades
Dividindo contigo o que apreendi da vida
Sem temer a morte que se aproxima
Com seus tentáculos...
Hildebrando Menezes