Como escrevi 2009
Escrevi 2009 com quinze páginas de amor, nascidas de um parto em poetrix até a despedida em trova. Em Portugal cantei as janeiras e depois alada toquei solo de clarineta. Foi seguindo o oitavo dia que com poetamigos festejei a nova idade. Ainda em janeiro, fui borboleta 88 e voei em poemeto para Quintana.
Sem música eu não vivo, por isso toquei semínima e dancei com Gardel a pianíssima lua no céu. Sempre trovando fui ave canora fomentando o amor, brinquei ciranda na festa da uva, me pintei com lápis de sombra e fui colombina por dois dias. Virei a folhinha com janeiros.
Em fevereiro ganhei como presente caminhos de borboletas da Kathleen Lessa. Fiz a bordadura do tempo, atroz desafio, maior que o céu... Em pleno carnaval fiz um samba para Maysa, que viria a ser a patrona de grandes cirandas do ano. No baile da vida vesti velha estampa dançando a luz do amor. Olhei a vida pela janela oblíqua rememorando a imortal Cecília Meireles. Por que dorme essa boca, perguntei? Não respondeu o ditado popular.
Dia 21, abri a sala para festejar os aniversários da querida Rosemeri Tunala e do Ronaldo Honorio. Foram grandes momentos.
Pelas mãos de Drummond escrevi a náusea. Dentre as trovas que escrevi, talvez a que mais me encante. Acorrentada ao amor fui ave cigana, joguei talco pela rua, como nos antigos carnavais. O que levo com isso? Talvez o teu cheiro e com certeza muita gratidão. Gratidão pela saúde da amada Claraluna e pelo aniversário da Helena Serena, tudo com muita trova pelo recanto.
Mal adentrei nas águas de março, naveguei pelo mar da noite na ciranda da Milla Pereira. Da águia pedi a visão para enxergar o mal que se faz à natureza e como combatê-lo. De Mariazinha fui estribilho e desejos por momentos. Tomando o chopp bem gelado em companhia do querido Jacó Filho, vi mandacaru nascer com a fragilidade e a fortaleza de quem nasce no sertão. Ouvi palavra de carinho com a identidade da fala da rosa em voz primaveril. Depois sob a escada vi o gato preto, fiz juras de amor no escuro, joguei no par ou ímpar ao antever os sinais dos tempos com a reforma ortográfica sendo “ensinada” lá na Academia pelo Lula. Bebi da fonte de inspiração dos amigos recantistas e seus comentários muito amáveis. Dei adeus ao outono na escritura das águas, quando plena de ideal e acalanto fui remanso, abandonando por uns tempos a casa vazia.
Sem dormir vi o circo em que vivemos o amor, cárcere de paixões de um azul e doce olhar... Depois em sombras fui revelação da orquídea que se abrira em primeiro de abril só para perfumar o dia da amada Celina Figueiredo, amiga e mestra de trovas, haicais e muito mais. Tentei colocar numa trova a essência da minha alegria pela chegada de um novo irmão de letras, o Miguel Jacó.
Com o tambor da Terra fiz um cântico à natureza, na ciranda da querida poetisa Silvia Regina Costa Lima, enquanto relembrava as palavras do Cacique Seattle numa carta de 1855. Tudo pelo despertar da consciência do homem em busca do futuro que é agora. Neste sonho de ventura e de vertigem, com fome de leão conheci a raposa alegre, que gostava de praia, mas vivia no frio como Rejane Chica.
Era o mês de aniversário da Angelica Gouvea, que como a Fernanda Xerez, ama de paixão fazer acrósticos e os faz como quem respira, com a maior facilidade e graça.
Para reaprender um novo velho amar esta noite, quando o ano velho encontra o ano novo, um poema pede passagem pelas letras de então:
Doze rosas
Doze rosas ofereço
em sinal de gratidão.
Aos amigos agradeço
do fundo do coração.
Amigos, com esta colcha de retalhos, pretendo recontar a história dos meus rabiscos em 2009 e agradecer aos poetas amigos que comigo estiveram em interações e carinho. Certamente não conseguirei em quatro ou cinco textos me referir a todos. Espero que me perdoem pela injustiça, os que não forem citados. Não faltará oportunidade para louvar a delicadeza e amorosidade de suas presenças neste espaço.
Um feliz 2010 de venturas e SAÚDE!