Uma Poesia de Meu Amigo de Pato Branco, Argenton

Há muito tempo guardo uma linda poesia que me foi ofertada por Olmiro Argenton, meu amigo e, na época (1983), funcionário sob minha responsabilidade no extinto Beron (Banco do Estado de Rondônia).

Nunca me esqueci daquele rapaz sonhador de Pato Branco, que merece ter seus versos lidos e publicados:

NOITE

Quisera descobrir-te,

penetrar no teu íntimo,

compreender-te!

És misteriosa,

dizes tanta coisa,

e ninguém te compreende.

Escura,

enluarada,

chuvosa!

As tantas maneiras

com que tu te apresentas

tornam-te um enigma inexplicável!

Transformas o universo em negro,

faz companhia às estrelas.

Minhas pupilas se dilatam

ao se depararem com o firmamento!

Sinto envolver-me de paz,

poesia,

suavidade,

delicadeza.

Tu me dominas,

penetrando em meu ser,

levando-me a sonhar...

Noite minha,

tua,

de todos nós.

Se eu tivesse o poder,

desvendaria os segredos teus,

guardas palavras,

que o vento leva ao horizonte,

e se perdem...

Permaneces muda,

alheia a tudo,

testemunha,

confidencial!

Quando a solidão me faz bem,

procuro-te,

reflito.

Que bom que tu existes, noite!

Sinto-me seguro em ti,

caminho lentamente,

a cidade está em luzes,

minha rua é deserta, semi-iluminada.

Só nós dois,

Oh, noite!

De tanto que te gosto,

sinto saudades.

Fecho então meus olhos,

buscando, na escuridão deles,

a tua presença!

(Para você, Sonia, uma lembrança do amigo Argenton.)