Retrato da vida
Queremos viver segundo uma fórmula toda particular, de acordo com o “teorema” criado conforme nossos pontos de vista. Mas a vida não é uma ciência exata, e ainda mais inexatos somos nós.
Costumamos “terceirizar” a responsabilidade por nosso desiderato, e quando: o filho, o amigo, o colega, o cônjuge, os pais... não se moldam às nossas expectativas, nos encasulamos em nosso eu, erguendo muralhas de silêncio, inconformação, distanciamento, animosidades...
Ante o descompasso entre nossas ideações e a realidade, não enxergando no outro nosso próprio reflexo; nos sentimos: injustiçados, perseguidos, incompreendidos...
Cobramos dos outros, que se coloquem em nosso lugar, contudo, abortamos a recíproca: pré-julgando, condenando, censurando, combatendo, medindo por nossa pessoal medida...
Na vida não existe receita pronta nem prato feito. Cada dia é novo e único, cada pessoa é um ser singular e a dinâmica dos acontecimentos, exige uma ativa flexibilidade nos atos, pensamentos e palavras. Assim como a água parada estagna (e serve de berçário para o mosquito da dengue), também estagnamos, quando nos recusamos a entender , que a verdadeira fonte de nossas venturas e desventuras, jorra em nosso íntimo, que o nascedouro de nossos reais infortúnios, não está nos outros.
Perseguidores do “impossível”, desprezamos inúmeras possibilidades; caçadores de quimeras, menoscabamos a realidade e, cegos pelo personalismo, seguimos, cristalizando mente e coração, regelando atitudes, postergando oportunidades, destruindo afetos sincéros... Vamos cultivando ervas daninhas e aguardando florações perfumosas.