Pânico Oculto
Nascem e crescem
Começam a desvendar o mundo
Descobrem que a vida é muito boa
Muito boa para ser vivida
Tem sentimentos
De ternura, tristeza, solidão
E de dor também
Sentem fome
Frio e sede
Tem amigos a sua volta
Mas não demora
Sente falta da presença de vários deles
Seus olhos os procuram
Mas em vão
Vai caminhando a passos rápidos ou lentos
pelo seu mundo verde
Ora pode estar livre, ora pode ser preso
Inicialmente não consegue entender
Porque não é totalmente livre
Ninguém procura entender seu interior
Seus sentimentos
Pensam que não entendem
O valor de uma atenção, de um gesto de carinho
Mas mesmo alheio a tudo isso
Vão vivendo dia após dia
Apenas sentindo o que é mais que certo:
A vida é bela
Cada um tem o seu valor, a sua especialidade
Se notam alguma coisa errada
Certamente é o fato
De que seus amigos diminuíram
Não entendem e estão cada vez mais próximos
De entender tal ausência
São vistos de modo diferente
Mas os sentimentos são praticamente os mesmos
Igualmente, são amantes da vida
E se pudessem, a defenderiam a qualquer preço
Assim como todos os seres agraciados pelo milagre da vida
Eles querem viver e desvendar
O seu próprio mundo
Mas chega um dia
E sem explicação, o cenário mudou
Num piscar de olhos
Descobrem que não nasceram para viver
E com olhos cheios de pavor
Entendem a ausência de um companheiro seu
Não existe gritos, nem pavor
Que os livra de tão cruel destino
E na sua reta final, amor é o único sentimento ausente
Seus olhos procuram uma saída
Mas a única saída que existe
É a morte
As vezes, uma pequena lágrima é o sentimento final
De toda uma existência
Estão todos ocupados demais e desprovidos de amor
Para notar o último sinal de sua dor
Começam a fraquejar e desamparados
Se entregam para o destino
Que ser vivo nenhum gostaria de ter
Se vão antes mesmo de entender o significado da vida
Naquele momento, quem escutará seu gemido?!
Porque o que não pode ser visto
Não poderá ser sentido
Após a sua partida dolorosa
A vida para outros seres apenas continua
Seres que desconhece ou sabem mas não se dão conta
Do nazismo vividos por eles
A única lembrança que restará de sua existência
É o casado de pele adornando algum ser insensível
Ou um pedaço de bife no seu prato
Um dia boas novas chegará até a porta adornada de tristeza
Desses indefesos animais, garantindo a eles
O direito de conhecer a essência da vida
Para muitos, eles não são esquecidos
Sempre haverá alguém em algum cantinho dessa terra que
Com o coração compadecido
Vai estar pensando
Escrevendo
Gritando
Defendendo
Clamando pela vida
Deles...
Por eles