Vivendo significativamente
 
Hoje vivi em estado de coma! Acordei, tomei banho, o café da manhã, falei ao telefone, fui ao trabalho, tive momentos agradáveis com alguns colegas e desagradáveis com outros, fiz uma pausa para o almoço, fui à reunião, voltei para casa, jantei, assisti à novela, conversei assuntos banais com os meus, li páginas de uma revista e fui dormir. Hoje, efetivamente, não vivi.

O sono não vem. Mergulho no oceano das reflexões. De repente, me ocorrem pensamentos que não são exclusivamente meus: o que vim fazer neste pequenino planeta, perdido na imensidão do universo? Qual é a minha missão no mundo? E o meu propósito de vida?

Se listássemos as inúmeras tarefas que executamos e as atitudes que tomamos ao longo de um dia, de um mês, de um, dez, vinte, cinquenta anos, obteríamos uma lista notavelmente extensa. Mas quantas dessas tarefas e atitudes poderiam ser classificadas como realmente significativas? Quantas seriam apenas triviais?

Não é de se espantar que, depois de cinquenta anos vividos trivialmente, despertemos e subitamente nos perguntemos: o que fiz da minha vida?

Viver significativamente implica comprometer-se com uma missão, um propósito de vida. Esse comprometimento manifesta-se principalmente por meio de nossas atitudes positivas e do trabalho responsável que realizamos.

Precisamos saber que nossas atitudes e o trabalho que desempenhamos tanto podem nos conduzir à concretização de um propósito superior quanto nos rebaixar à ínfima condição de escravos de nossa própria incapacidade de decidir e agir. Precisamos saber que deixaremos uma marca positiva ou negativa no mundo - jamais seremos neutros.

Num reino distante, vivia um nobre que sentia prazer na beleza da vida. Certo dia, ele contratou um humilde lavrador para ficar no castelo e andar de um lado para o outro com uma enxada na mão, como se estivesse no campo. O nobre sentia imenso prazer ao ver a elegância simples do lavrador andando para lá e para cá e lhe pagava muito bem pelo "trabalho". Mesmo assim, após distrair o nobre durante vários dias, o lavrador recusou-se a continuar.

— Mas eu lhe pago com generosidade. Muitas vezes mais do que você ganharia se trabalhasse no campo. E quase não precisa fazer esforço algum — disse o nobre, surpreso.

— O senhor não parece entender — replicou o lavrador. — Não posso continuar fazendo algo que nada produz, mesmo que não exija trabalho e nem esforço. Prefiro trabalhar arduamente e ser produtivo a ser bem pago para fazer algo que não dá frutos.


Vivendo significativamente, seremos construtores de um mundo melhor.

Fonte: Orvalho para a alma - Litteris Editora - RJ