Sem Cor nem Cheiro
Rietê, Rietê
És a hodierna Sodoma
Cérebros ocos, atrofiados
Corpos torneados, sarados
Abrigados em casas de luxo
Transportados em carros caros
Nada sabem de filosofia, artes, líteras
Todo o ouro arrancado
Do âmago da natureza
Que poluiu rios, vidas
E a terra que ameaça explodir
Tudo para manter a bunda lisa
Amaciada a cremes importados
Cagada em vasos sanitários raros
Quem perdoará tal uso do dinheiro?
Para que serve o dinheiro
Se não para o enriquecimento da espécie?
Se não para socializar a civilidade?
É utopia crer que um cérebro vazio
Numa cabeça de aço
Arrombe as muralhas da China
Quero ver quem vai te salvar
Do espetão do cão...
Sei que assim falando
Pensas que sou acre
Mas não sou
Uma rapadura inteira
Adoça-me a alma.