ANTES QUE AS LUZES SE APAGUEM.

Olha-te (silêncio). Chega-te a ti em profunda intimidade íntima e realiza a mais fascinante viagem. Atenta, pois, para cada detalhe (silêncio).

A descoberta de ti pode até provocar uma tremenda crise (melhor ainda). Trata-se daquele “Espanto” filosófico imprescindível.

Constatarás um fato: és um ser absolutamente só. Não há saída: ou encaras, impoluto, o árduo desafio de rasgar teus almejados caminhos (a Felicidade não é um fenômeno inexorável) ou, à semelhança dos fracos, dos covardes, prossegue atado a uma vidinha estéril, a uma existência oca na qual apenas repetirás convicções de outros.

O filósofo me parece certo: “A vida é a de cada qual: cada qual tem de ir vivendo a sua por si só. Nossa dor de dentes nos dói a nós e só a nós. O problema que tenho, a angústia que sinto são meus e, de imediato, só meus. E eu tenho de pensar um pensamento que resolva o problema e cure ou alivie a minha angústia. Eu tenho de decidir a todo instante o que fazer no seguinte, e ninguém pode tomar essa decisão por mim, substituir-me nela”.

Talvez nossa fraqueza consista em crermos exatamente na idéia contrária. Ora, a multidão (com todos os fenômenos que lhe são peculiares) não é o palco para as mais abjetas teatralidades? No fundo, ela é a mais tenebrosa das utopiazinhas. Nela, o parecer é que de fato importa e daí esse carnaval de mesmices, de vidas artificiais, superficialmente em ordem, de tolos guiando tolos. Sim, eis uma cruel realidade: somos sozinhos.

Só através de uma autêntica viagem ao teu interior é que chegarás ao princípio da vida plena. É neste inefável campo (interior) que as verdades genuínas estão escondidas. O mundo, com seus movimentos (e como os tem) quase sempre não passa de uma periclitante ilusão (sob a ótica do Mestre de Nazaré, jaz no maligno).

Esforça-te, pois, para a tua maior descoberta e prepara-te para mudares o teu mundo. O homem “natural” oscila entre a sinceridade (não é o mesmo que Verdade) e a hipocrisia.