GLÓRIAS A QUEM? À INJUSTIÇA?...
Carmen Ortiz Cristal
Que foi feito com o coração do homem?
Em que momento foi esquecida a bondade,
o amor ao próximo, aonde se perdeu a humanidade?
É triste vermos que não há mais solidariedade...
Que o egoísmo fez calar a sensibilidade,
apagou a capacidade de perdoar!...
Quem é quem diante e por trás dos códigos penais?
O que houve com aqueles que executam as leis
e deveriam ter a capacidade de julgar,
com imparcialidade, sim,
mas com a condição de não perder a humanidade,
dar a atenção devida a cada caso, como merece...
Fornecerem à sociedade a tranqüilidade,
de que estão protegidos, tanto fora
quanto dentro das engrenagens da justiça!...
Que as leis serão aplicadas de acordo,
sem que se percam no descaso, nem
impostas com desumanidade...
Que juízes e promotores são o que deveriam ser,
homens e mulheres acima de qualquer suspeita,
capazes de proferir julgamentos, dentro dos códigos penais, mas sem esquecer aquele olhar humano que todos merecemos...
Juizes e promotores
condenam e encarceram aqueles
que significam perigo para a sociedade!...
Aonde está o perigo para a sociedade?
Um velho de 75 anos, magérrimo, que mal se põe em pé,portador de um câncer, que, ao ser preso,
interrompeu um tratamento de quimioterapia?
Acusação:
- Crime contra a administração pública...
Crime acontecido a mais de dez anos
e, só agora, quando esse pobre coitado não se vale nem mesmo a si, querem, os homens da lei,
que pague...
O que ganha a justiça com esse caso, quando
tem diante de si milhares nas ruas, assaltando,
matando, espancando e violentando a outros!...
Qual a vantagem para um promotor de,
mais ou menos, 27 anos,
que tinha nas mãos o poder de libertar esse pobre ancião e achou, sei lá porquê,
que deveria agravar a pena,
já prescrita, de um terço, para que, assim, continuasse na prisão?...
O que somos, pelo amor de Deus,
que encarceramos velhos cancerosos
e, lá no fundo de uma cela imunda, o deixamos,
sem assistência, sem condição de tratamento?
Se a cada dia estamos mais frios, egoístas e maus, o que podemos esperar do futuro?
Quisera lavar minha alma e não sentir o que estou sentido, desilusão e medo por estar aqui, fazer parte deste mundo de horrores;
onde a dor, a vida,
são tratadas com tanto descaso...
Só por Deus...
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Juvenil Dutra da Silva, dois crimes, um contra a administração pública em 1996;
outro contra o patrimônio em 1994,
foi julgado e sem um defensor público que lhe desse o devido acompanhamento, foi condenado;
nunca foi preso, viveu todos esses anos em endereço fixo, cuidando de uma filha de 13 anos,
órfã de mãe e, por ser dependente química, filha que sozinho e doente
não abandonou e à qual se dedicava...No dia 13 de dezembro de 2007, teve sua casa invadida por bandidos que queriam agredir a menina; sem saber o que fazer, confiando na justiça, chamou a polícia que, ao chegar, foi checar seus documentos; ele é pobre, sem muitas condições, melhor, quase nenhuma; então, ao verem que tinha contra ele mandado de prisão, ao invés de levarem os bandidos,
que o ameaçavam, levaram aquele pobre coitado...
Desde esse dia, sua advogada, Dra. Mariza Mônica de Carvalho, sem cobrar nada da família de Juvenil, vem travando uma verdadeira luta judiciária, para que lhe concedam, pelo menos, a prisão domiciliar, para que vá morrer em casa; sem sucesso, ainda, pois os homens da lei, por motivos que não dá para entender, já que, a condenação tinha sido proferida a ser cumprida em regime semi-aberto, não lhe dão o direito à liberdade, mesmo que vigiada... Frise-se que, em uma vara de execução criminal, a advogada conseguiu sua prisão domiciliar, que não pôde ser levada a efeito, porque, noutro juízo criminal, agravou-se, por reincidência, em um terço a prescrição, que deveria ter sido reconhecida e que permitiria a este velho o direito a uma cama pobre, mas em sua casa.
Que triste é depender do julgamento de outro homem!...
Quem pode mudar isso?
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Carmen Ortiz Cristal
21.02.2008