O OUTRO
O OUTRO
Se me fosse dado escolher entre virtudes e defeitos, com certeza eu escolheria as virtudes. Se me fosse dado escolher entre o bom e o ruim, com certeza eu escolheria o que é bom.
É claro que eu já tenho em minha mente o conceito de virtudes e defeitos, de bom e ruim.
Quando conhecemos alguém e nos interessamos por esse alguém, de imediato começamos a enumerar suas virtudes e, se possível, ainda acrescentamos mais algumas. Num primeiro momento, essa pessoa parece perfeita aos nossos olhos. Na verdade estamos amando.
Os dias agora começam a ter um outro sabor. Um sabor suave, agradável. Estamos convivendo com quem amamos.
Com o passar do tempo vamos nos acostumando a conviver com a pessoa. De repente surge a primeira quebra no encanto:
_ O que houve? Eu poderia até jurar que ela não tinha esse defeito!
Mais adiante, eu percebo outro defeito, e outro. Já começo a me decepcionar. Não é mais a mesma coisa. Mudou. Não sinto mais a mesma coisa.
Quem mudou? A pessoa que está ao nosso lado ou nós? Nenhum dos dois. O que mudou foi o fato de nós termos aprendido a amar e conviver só com as virtudes. Ora! É muito fácil amar o que é bom, o que é virtuoso. Qualquer pessoa é capaz disto. Porém, precisamos observar que o verdadeiro amor, é aquele que mesmo conhecendo os defeitos do outro, aprende a conviver e aceitar que aquela pessoa é única. Ninguém é perfeito. Muitas vezes os nossos defeitos são maiores que os da outra pessoa, porém não conseguimos ver, são nossos, e tudo em nós é bom.
Precisamos rever nossos conceitos. Não somos esta maravilha toda. Amar é aceitar o outro de forma integral, virtudes e defeitos.
Edi Mail Bohrer - Licenciada em Filosofia, Sociologia e Psicologia e Pós Graduada em Práticas Pedagógicas