A história de dois anjos

Em 28 de março de 1984, um anjo travesso e carente sentiu um forte calor no peito enquanto brincava de viver, caiu no chão, sentiu o tempo fechar por um instante, o sol se esconder, mas, era uma criança e pouco deu importância para o ocorrido, apenas sorriu, ele tinha nove anos de tempo e vivia no céu.

Próximo da entrada do mundo do faz de contas (local o qual os anjos devem permanecer distantes), que se situa até hoje no piso seguinte abaixo do céu, caminhado ele viu um anjinho recém chegado de lá de baixo, enrolado em um amontoado de tecidos e não teve dúvidas, deixou de lado os brinquedos e acolheu aquele pequeno e indefeso ser que chorava incessantemente dentre as suas mãos, o levou pra casa. Em sua casa com paredes de nuvens ele o manteve e lhe teve como um irmão ou irmã (já que anjo não tem sexo), brincavam, sorriam e se admiravam com os olhos a todo instante. O tempo foi passando e pouco a pouco o anjinho mais novo foi admirando e copiando as atitudes e exemplos do seu companheiro mais experiente. O tempo se escorreu por anos e anos e entre uma brincadeira e outra, 23 anos se passaram.

Certo dia, saíram caminhado suavemente juntos pelos céus em direção ao nada, quando derrepente, encontram um buraco de onde podia se ver um mundo diferente, menos alegre, porem, mais encantador (pelo menos visto do céu), era o falado mundo de faz de contas, ou para todos nós humanos o chamado mundo real. Eram curiosos e astutos imediatamente pensaram bolaram juntos uma descida até esse misterioso mundo de faz de contas, ou real, seria só uma descida para explorar o desconhecido, por poucas horas ou até minutos. E pularam.

Logo nos primeiros instantes do salto, veio a primeira surpresa. Um guardião dos céus chamado Pedro explicou para eles que para chegar ao tal mundo teriam que escolher um sexo, pois, eles ocupariam dois corpos diferentes de dois seres do mundo real. O anjo mais experiente optou por ser mulher e o mais jovem por ser um homem.

Sofia era uma mulher super atarefada, simpática, doce, elegante, mãe, esposa e repleta de problemas, primeira dos filhos de uma problemática família de três irmãos. Pedro deu o corpo de Sofia para o anjo mais velho. Agora ele é uma mulher.

Restava então a necessidade de escolher um corpo para o anjo mais jovem. Começou uma grande procura por um corpo vago no gigante mundo real, foi difícil, pois, não poderiam ficar distantes um dos outros. Até que um dia veio à decisão. Henrique , um rapaz, também super atarefado, simpático, meio doce, meio amargo, filho, solteiro, mas, noivo e agora era o abrigo do anjo que optou por se homem. Antes de tomarem os seus rumos fizeram um pedido a Pedro: Deixe-nos sempre juntos! Pedro concedeu, mas, informou que só poderiam ficar juntos por quanto tempo quisessem se juntos construíssem uma só vida, ou seja, se durante a ousada estadia se tornassem marido e mulher.

O tempo tratou de rapidamente juntar os dois em um ambiente confinado de uma empresa no mundo real. Agora eles eram humanos, choravam, sorriam, sofriam, amavam, sonhavam e faziam tudo que todos os outros humanos faziam. Um breve intervalo de tempo se passou e a viagem que seria apenas por curiosidade acabou sendo o início de um novo ciclo no mundo (pelo menos para estes dois) e o inesperado aconteceu, eles se apaixonaram... e se quiseram... e se possuíram... e tudo cresceu, virou amor e do amor veio a dor de quem quer o que não pode ter.

Hoje estes dois ainda vivem por aí, mas, agora o guardião dos céus já está chamando, pois, por fatos do destino, eles ainda não são se puseram em um só ser. E os dois hoje vivem loucos sem querer se deixar no mundo real, sofrem, choram e juntos desobedecem a ordem que vem dos céus. Até quando meu Deus!?

O velho moço
Enviado por O velho moço em 25/01/2008
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T831952