O choro é livre
Chore.
Se for de raiva, deixe que as lágrimas queimem como brasas a injustiça entalada na garganta.
Se for de saudade, permita que cada gota lave as pegadas do tempo e embale, no colo da memória, aqueles que já se foram.
Se for de dor, chore até que a alma se encharque e o coração, esvaziado, reencontre o fôlego para bater sem o peso do que o sufoca.
Se for de alegria, chore como quem transborda o que não cabe em palavras, como quem ri pelo olhar porque a felicidade é líquida e escorre sem vergonha.
O choro é livre porque a alma precisa de vazão. Porque há tempestades que só se dissipam quando chovemos por dentro. Porque há prisões que só se rompem quando as lágrimas lavam as grades invisíveis do orgulho e da resistência.
Então, chore.
E depois que a última lágrima cair, olhe para o céu…
Porque sempre depois da chuva, há um sol esperando para nascer.