A chuva e o trovão
O trovão grita no céu, impaciente. Ele rasga o silêncio com sua fúria, sacode janelas, assusta os passantes e faz até os animais se encolherem. Mas, depois de tanto barulho, o que ele deixa? Apenas um eco distante e um peso no ar.
A chuva, ao contrário, não brada. Ela cai mansa ou intensa, mas sempre lava. O chão seco e rachado bebe suas lágrimas, as folhas suspiram de alívio e até o ar se renova. A chuva não fere; ela purifica.
A raiva é trovão: estrondosa, explosiva, assustadora. Machuca quem está perto, espalha tempestades que, muitas vezes, deixam marcas irreparáveis.
As lágrimas são chuva: discretas, honestas, libertadoras. Quando caem, levam consigo o que pesa, nutrem o solo do coração e permitem que, depois, o sol volte a brilhar.
Quem chora não se rende—se refaz.