DITA A DOR

DITA A DOR

Tu não és

Tu não chegas

Tu não sabes

Tu não vais

Não te encontras

Nem te buscas

Não acreditas

Nos astrais

Por que surtas

Por que vives

De esqueletos

Nos quintais

Tu não pedes

Só recebes

Dividendos

Dos currais

És o messias

Da família

Que viceja

De carcaças

Nos portais

És o mito

Do pinico

És punhal verde

Crime amarelo

Louco e cego

A querer mais

Quer salvar-se

Da prisão

No Tártaro

Dos ancestrais

A sede de sangue

A ânsia por vítimas

Aplaudes a tortura

O corpo persiste

Em enxovias de sais

Afora, a alma

Que de há muito

Plana no horror

Na cova dos bossais.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 30/11/2024
Reeditado em 02/12/2024
Código do texto: T8208832
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