DITA A DOR
DITA A DOR
Tu não és
Tu não chegas
Tu não sabes
Tu não vais
Não te encontras
Nem te buscas
Não acreditas
Nos astrais
Por que surtas
Por que vives
De esqueletos
Nos quintais
Tu não pedes
Só recebes
Dividendos
Dos currais
És o messias
Da família
Que viceja
De carcaças
Nos portais
És o mito
Do pinico
És punhal verde
Crime amarelo
Louco e cego
A querer mais
Quer salvar-se
Da prisão
No Tártaro
Dos ancestrais
A sede de sangue
A ânsia por vítimas
Aplaudes a tortura
O corpo persiste
Em enxovias de sais
Afora, a alma
Que de há muito
Plana no horror
Na cova dos bossais.