O QUE DIZER
Todas as palavras parecem pequenas diante de uma dor tão grande. Quando alguém perde um ente querido, o mundo para, e a vida, que antes seguia seu curso normal, se transforma em uma sucessão de momentos de vazio e saudade. O que dizer a alguém que perdeu um pai, uma mãe, um irmão, um filho, ou um cônjuge? As palavras, por mais bem-intencionadas que sejam, parecem insuficientes, incapazes de preencher o abismo que se abre na alma de quem fica.
Nos momentos difíceis, costumamos dizer: "Você vai conseguir", "Vai dar tudo certo", "Deus está com você, acalme-se". São palavras de esperança e conforto que, na doença ou na adversidade, parecem ser um alivio ou conforto. Mas quando a morte chega, essa esperança se despedaça, e a certeza de que "vai dar tudo certo" se transforma em uma dura realidade de que, pelo menos aqui, não haverá mais abraços, conversas ou sorrisos compartilhados.
Dizer "lembre-se das coisas boas" soa como um consolo raso diante de uma perda tão profunda. As lembranças, ainda que doces, trazem consigo a dor de saber que esses momentos jamais se repetirão. As memórias dos sorrisos, das brincadeiras, do café posto na mesa, das esperas ansiosas pelo retorno de quem se ama — todas essas coisas que um dia trouxeram tanta alegria, agora trazem uma saudade imensurável.
O que dizer quando as lágrimas descem, quando a cabeça gira e todos os pensamentos se voltam para o passado? Pensamentos das brincadeiras de infância, das broncas recebidas, do carinho dos avós. É difícil encontrar palavras que possam acalmar um coração em luto. Talvez, nesse momento, o melhor que podemos fazer é oferecer nosso silêncio e nossa presença, um abraço apertado, e o reconhecimento de que a dor é real, e que é permitido senti-la, vivê-la e, aos poucos, encontrar uma maneira de conviver com ela.
Porque, no final, não se trata de esquecer, mas de aprender a viver com a saudade, de encontrar forças nas lembranças e de continuar o caminho, mesmo com a ausência que sempre estará ali. E lembrar que, mesmo na dor, o amor que foi compartilhado nunca desaparece; ele se transforma em memória, em saudade, e, de alguma forma, continua a iluminar os dias que virão.
Apesar das lágrimas se vai o corpo, e fica a saudade que sempre estará em nossas memórias.
PAULO PEREIRA
RECANTO DAS LETRAS
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