A você, que me lê.
Vesti-me de água.
Durante anos, sob o pseudônimo de VestidadeÁgua,
mostrei minha alma, meus sentimentos,
minhas perdas e meus ganhos.
Como toda escritora, imaginei, elaborei, detonei, refiz.
Como toda poetisa, sonhei além do limite dos sonhos.
Entre uma ficção e uma realidade, vivi amores profundos.
Fantasiei amores perfeitos, desiludi-me entre linhas,
entre fatos, entre atos.
Tentei, de todas as formas, manter a minha honestidade
e a minha linha de conduta.
Sei que consegui.
Entre um verso e outro, entre um pensar e outro,
recebi críticas construtivas e destrutivas.
Normal. Para cada leitor há uma interpretação.
E para o escritor, cada palavra é um momento
ou presente, ou passado, ou futuro.
É a emoção exposta com uma aparência
que nem a todos é bela.
Hoje, resolvi engavetar a VestidadeÁgua.
Quando a criei, era tão somente para expor
meus sentimentos.
Uma transparência completamente abstrata
e necessária, num anonimato que um site
literário exigia aos participantes.
Acabei me acostumando com o pseudônimo.
Para alguns, um apelo erótico.
Não. Sem apelos eróticos.
Era apenas a minha alma respingada,
ou escorrendo minhas emoções.
Por isso hoje, eu, Dôra Leal,
até então, VestidadeÁgua,
apresento-me a você que me lê.
Sou mulher, alegre, emotiva,
sensível, distraída.
Com defeitos e qualidades.
Entre realidades e sonhos.
Entre risos e prantos.
Meu carinho a você,
que sempre me aceitou
exatamente do jeito que sou.
Dôra Leal