O BRASIL (QUASE) SEM CONSTITUIÇÃO
O BRASIL (QUASE) SEM CONSTITUIÇÃO
Tudo em mim estava contraído, reprimido, sufocado
Vivia um tempo que não era meu dia, mês e ano
Uma vida que não era minha, um tumulto outro
Um mundo numa dimensão que não me definia
Uma dimensão que não era minha numa Terra
Numa família sem pátria, sem deus, numa liberdade
De mentirinha. Um Nero, Bad Bozo, tocava uma lira
Qualiras incendiavam Roma. Velhas carpideiras
Bailavam tango, viam Cristo num galho de goiabeira
Professavam um evangelho que não era o Dele
Tudo estava fora de lugar, numa zona sórdida
Os caminhos se fechavam em torno de um AI-5
Um boiadeiro de nome Bad Bozo encurralava
Num cercadinho o fato de bodes e carneirinhos
Na extrema direita da Câmara dos escondidinhos
Os conserva dores queriam preservar o passado
Como se o presente inexistisse, exceto como ficção
Numa condição anterior à democracia onde a Velha
Grécia era invadida pelos bárbaros antepassados
Comedores de carne seca com farinha. Carniceiros
Buscavam rasgar a Constituição, servos que eram
Da diva fascista das lápides nas quais tocavam
O circo dos horrores nos gabinetes do ódio
Dos políticos Tiriricas, senhores do negacionismo
Pastores do medo com serva a dor. O metabolismo
De gabinete lançava para debaixo do tapete
As sobras do restava do banquete do tempo
Da ditadura. Bad Bozo e seus filhotes
Dançavam o pagode da dita dura. Os templos
Dos pastores do medo os felicitavam
Hoje, não são mais que réus primários
No aguardo do toc-toc da prisão.