O MOTIVO QUE ME LEVA A ESCOLHER UM LIVRO PARA LER
Peço atenção para o título desta crônica para que ninguém faça uma interpretação diferente do que eu quero abordar. Bibliófilo desde a mais tenra idade, graças a Deus, lembro-me que os primeiros livros que me foram oferecidos, praticamente eu não tive muita opção. Como se costuma dizer: eles me chegaram de paraquedas. Eles foram emprestados por uma comadre da minha mãe e só me falou que eles continham histórias maravilhosas. Acreditei. E comecei a lê-los: A história de Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, Viagens de Gulliver , Ben- Hur, ...E o Vento Levou etc. Em seguida, quando entrei para o seminário, pedi ao reitor algum livro e ele me ofereceu Paulo e Virgínia, Águas Cristalinas, Foi Assim que Matei meu filho e por aí foi. Não parei mais de ter sempre um livro às mãos. Quando chegou o momento de comprar algum, aí foi que brotou a minha opção, a prova de fogo do meu gosto literário. Não vou negar que sempre o título era o que mais me chamava a atenção e logo a seguir a capa. Quando isto combinava então, eu não tinha dúvidas: comprava-o ou pedia emprestado a alguém. Lembro, por exemplo, que foi assim que procurei um padre que tinha uma linda e vasta biblioteca e perguntei se ele podia me emprestar algum bom livro. Ele foi taxativo e coerente:
- Com muito prazer eu empresto, só tem um porém: o livro é você que tem que escolher. Mãos à obra, literalmente.
Em meio àquele mundo literário fiquei igual a um pinto no meio do seu habitat - todo eufórico e até um pouco perdido, duvidoso - até que o padre percebendo a minha indecisão e demora para achar um, perguntou:
- Pelo visto, a sua escolha está mesmo um pouco difícil, não é? Mas, fica a vontade. Quem procura, acha.
Após mais alguns minutos peguei um e lhe mostrei, perguntando:
- Posso levar este - O PEQUENO PRÍNCIPE?
Em meio a um sorriso ele respondeu:
- Pode não, deve. Se dispuser de muito tempo para ler, tudo bem.
- Mas ele é tão fininho!
- Sim, tem poucas páginas, mas o conteúdo exige reflexão.
Aquele padre tinha razão. Depois deste livro que escolhi pela capa e título simultaneamente nunca mais parei com a minha leitura diária e quando eu já tinha, aproximadamente, 1.000 (mil) livros, por sugestão da minha então esposa, após uma mudança de residência, passei a doar uma boa parte.
Assim é a vida. Coisas materiais, neste caso dos livros, devem ser rotativas. Afinal, água parada pode deteriorar, sem falar em acumular mosquito da dengue.