O Padre Artur Alonso fala sobre o aborto
Do volume 3 (Nascimento de um Homem Novo?") da magnífica série"Reflexões pedagógicas " das Edições Loyola, página 59:
"Mas - insistimos em nossas reflexões - como se poderão sentir com autoridade, esses mesmos "pais da pátria" para justificar a promulgação de leis, normas e a cominação de penas contra a temperamental violência juvenil, em praças públicas ou nos claustros universitários, na mesma hora em que eles, por primeiros, praticam a violência mais anti-humana e repugnante... Quando permitem, com suas leis (!) que se leve a morte ao próprio regaço materno, recesso reconhecido como sagrado, pelas próprias civilizações primitivas, que ousamos chamar - desde a nossa flamejante sociedade permissiva - de "selvagens".
Os fatos, porém, aí estão balizando a que extremos de "insensibilidade humana" pode chegar - com a prévia apostasia dos valores - a consciência adormecida desta nossa sociedade da técnica, do consumo, da licença e da utopia. Narcotizada com semelhantes contra facções legais, aceita possa o "poder público", representante dos interesses humanos, dar provas de desumanidade, legalizando até o atentado contra vidas inocentes. Inocentes e inermes...
E eis como, numa pavorosa "planificação gestacional", vem sendo em pleno século XX, incontáveis vidas humanas sacrificadas aos ídolos da economia, da técnica e do hedonismo sem peias. Não é que faltem legisladores - numerosos aliás e conhecidos principalmente nos países latinos e cristãos - que advertem e denunciam esta autêntica ameaça de destruição do sentido moral da humanidade."
NOTA: o sacerdote jesuíta Artur Alonso, com quem cheguei a trocar correspondência, publicou este livro admirável na década de 1980. Quanto à questão do aborto, que se relaciona com a vertiginosa deterioração da civilização, quero aqui sintetizar:
1) Não somos contra o aborto por sermos"do contra " mas por sermos a favor da vida humana como sagrada, desde a concepção até a morte natural.
2) Quem defende o abortamento certamente já não pode sofrer o mesmo, porque já nasceu.
3) Entretanto a sequência lógica da legalização do feticidio é a legalização da eutanásia dos velhos e gravemente enfermos, como seres descartáveis; portanto quem hoje quer o aborto legalizado pode depois não escapar da eutanásia legalizada.
4) A maioria das mulheres é contra essa aberração, portanto não se diga que aborto é interesse das mulheres.
5) Homem também faz aborto e geralmente é o maior culpado. O aborto é a maior bandeira dos machistas, pois isso os livra de responsabilidades pelos seus atos libertinos.
6) A maior parte dos bebês abortados é constituída por meninas, por causa da prática, principalmente na Ásia, do aborto seletivo contra meninas.
7) O direito à vida não é adquirido como no trabalhista, é congenial e inato. Portanto, negar esse direito aos nascituros equivale a condenar toda a humanidade à morte.
8) A pena de morte para inocentes é uma aberração jurídica. É a sentença de Pilatos, que declarou Jesus inocente e em seguida assinou sua sentença de morte.