REFLEXÃO SOBRE O CONHECIMENTO
Muitas pessoas imaginam que o intelectual é necessariamente alguém que ler muito; na verdade uma das regras da vida intelectual é ler pouco. Muitos podem indagar, em que sentido? No sentido de que cada vez mais as bibliotecas, as livrarias, elas estão abarrotadas de supostos especialistas. Então é preciso saber escolher as leituras, saber o que é realmente importante ler. Muitos têm compulsão em ler, sem captar que isso leva a intoxicação da leitura. Nós temos de ler de forma inteligente, mas não de forma apaixonada. Precisamos ir aos livros, exatamente como uma dona de casa que vai ao supermercado com uma lista de tudo o que ela realmente precisa. Ou seja, o estudioso sensato, ele mantém domínio sobre si mesmo, só retém o que de fato pode servir ao seu pensamento. Ele organiza a sua mente e não se embrutece com uma carga absurda, com uma carga desordenada de informações. Ele diz que todos falam muito em cima de ser atualizado. Sem dúvida, o intelectual não pode se desinteressar do que se escreve a respeito da sua especialidade. Mas é preciso cuidado, é preciso bom senso para que a atualidade não esgote a sua disponibilidade para o trabalho e acabe paralisando você. Ou seja, é impossível seguir por todos os caminhos. Você precisa ler o que se relaciona efetivamente ao seu objeto de estudo. E ler pouco para que a leitura não devore o seu silêncio, não devore o silêncio interior no qual nós geramos, nós damos a vida as nossas ideias. É por isso que o intelectual está sempre chamado a fazer escolhas. Primeiro escolher bem os livros e depois escolher o que ler. Escolher os livros, significa só beber nas fontes, frequentar só a elite dos pensadores, buscar as ideias, claro nós precisamos pertencer ao nosso tempo, mas nós não podemos ser arcaicos, mas também, nós não podemos ter a superstição do novo, porque amar os livros eternos, os livros que dizem as verdades eternas, depois precisamos saber escolher nos livros, ou seja, nem tudo é fundamental no livro. Nós precisamos ler suportando muitas vezes os defeitos de um livro, mas ler como homens livres, responsáveis, mantendo reserva para exatamente proteger o nosso pensamento. Também, nós não podemos ter a superstição do novo, porque amar os livros eternos, os livros que dizem as verdades eternas, depois precisamos saber escolher nos livros, ou seja, nem tudo é fundamental no livro. Nós precisamos ler suportando muitas vezes os defeitos de um livro, mas ler como homens livres, responsáveis, mantendo reserva para exatamente proteger o nosso pensamento. Isso quer dizer que toda leitura exige um filtro, exige que o leitor depure o que está lendo. Neste sentido, nós não podemos nos esquecer que um livro vale o que o próprio leitor vale, ou seja, dizendo de uma outra forma, um homem inteligente encontra em tudo a inteligência, mas um homem tolo, ele até pode ler Aristóteles, mas não vai aproveitar. Ele vai na verdade projetar o Aristóteles a sua tolice. Uma verdade que muitos de nós esquecemos, que a fonte do saber não está nos livros, mas está na realidade do pensamento. Os livros são placas de sinalização, o que importa não é o que este ou aquele autor diz, mas a forma como a nossa inteligência absorve o conhecimento. E como nós recriamos aquilo que nós estudamos, de forma que este é o grande objetivo da leitura, aumentar a nossa sabedoria, ou seja, nós temos que recriar toda a ciência para o nosso próprio uso. O sábio sabe tudo que vê, ouve tudo que sabe, porém não diz tudo que sabe. Não nos tornamos mestres aprendendo a fazer o que eles fazem, mas a pensar e a raciocinar por nós mesmos. Ao contrário, o homem medíocre prefere o mal conhecido, ao bom ignorado. Acostumado a copiar, desarticula o edifício do seu próprio erro, vive do critério alheio, raciocina com a lógica dos outros. Sua inteligência é comparada a água morta povoada de germe nocivo que acaba apodrecendo, sua caixa craniana é como um estojo de joia vazio, e o seu prejuízo é como o próprio cravo, quanto mais nele bate, ele penetra.